A destinação adequada dos animais silvestres resgatados pelos órgãos ambientais já foi um problema no Tocantins.
Embora a sociedade imagine que entregando o animal ao Naturatins – Instituto Natureza do Tocantins e autoridades competentes o problema estaria resolvido, a situação é outra. A maioria dos animais apreendidos, dos quais 90% são aves, não consegue voltar à natureza e principalmente a seus lugares de origem. Na falta de um local adequado e visando cuidados embasados em conhecimentos científicos, o Naturatins buscou a parceria do IECOS Brasil – Instituto Ecos do Cerrado.
Em março deste ano, o órgão firmou um convênio com o objetivo de apoiar o Projeto Aratama - Refúgio da Vida Selvagem, localizado no município de Presidente Kennedy em uma área de mais de 7 mil hectares. Os animais vítimas de atropelamento e maus são prontamente atendidos por veterinários vinculados ao Naturatins e o IECOS Brasil e recebem todos os cuidados que vão desde um simples curativo até cirurgias complexas, dos quais muitos conseguem sobreviver e retornar à natureza.
Segundo a bióloga e responsável pelo projeto, Marissonia Lopes, desde 2010 o projeto já recebeu mais de 630 animais e neste ano já foram mais de 120 apreendidos pelas autoridades competentes do Tocantins. Só nos meses de junho e julho deste ano ação do Naturatins e parceiros salvou a vida de uma anta, duas tamanduás bandeira, uma jaguatirica, um veado catingueiro e muitas aves, que incluem corujas e periquitos.
“A grande esperança deste esforço é poder salvar animais vítimas de caçadores que, principalmente nesta época do ano, abatem as mães de filhotes de veados e antas e ainda, se encontram outras espécies pelo caminho abatem também, como é o caso de tamanduás e jaguatiricas órfãs. Estes animais tiveram a sorte de terem sido entregues ao Naturatins, assim poderão ter a chance de um dia retornar à natureza e finalmente cumprir seu papel ecológico”, disse a bióloga.
A ação é uma parte do que pode ser feito, mas todos podem ajudar principalmente denunciado o tráfico, criação ilegal e maus tratos com animais silvestres. Se encontrar um animal atropelado ainda vivo, ligue para o Naturatins no atendimento do Linha Verde (0800-63-1155). Sua atitude pode salvar muitas vidas, ajudando os institutos a salvarem a biodiversidade do Tocantins.
O IECOS Brasil
O IECOS Brasil é uma organização não governamental sem fins lucrativos que atua na defesa e conservação da fauna silvestre do cerrado brasileiro. Sua principal missão é promover a conservação da fauna ameaçada do Tocantins, contribuindo no combate ao tráfico de animais silvestres, promovendo a volta à natureza dos espécimes vítimas do comércio ilegal, atropelamentos, maus tratos e caça.
Alguns dos animais resgatados pela parceria foram:
Anta: Anta macho, batizado como Ícaro, possivelmente a mãe foi morta por caçadores. Alimentação: Toma 4 litros de leite por dia, enriquecido com mucilon e frutas. Está com aproximadamente 4 meses.
Jaguatirica: Jaguatirica fêmea, Jasmim, vítima de caçadores. Cachorros atacaram a mãe, que fugiu. Mataram um filhote e Jasmim foi resgatada. Chegou ao projeto com 15 dias de vida, sem abrir os olhos. Alimentação: leite próprio para gatos em pó.
Tamanduá bandeira: Tamanduá bandeira fêmea , Zoé, chegou com aproximadamente 1 mês de vida. Agora está com quatro meses. Zoé apresentou intolerância à lactose. Alimentação: Leite em pó para cachorro. 700 ml por dia mais cupins.
Veado: Veado catingueiro macho batizado de Romeu. Chegou com aproximadamente 1 mês de vida. Também apresentou intolerância à lactose e se alimenta de leite de cabra 3 vezes ao dia mais frutas.
Onça parda: Onça parda fêmea nomeada Fiorella, está no projeto desde 2010, sobrevivente de pneumonia e hiperparatireoidismo nutricional secundário. Está com 2 anos. Alimentação: carne e vísceras bovinas (5 kg por dia).
Arara azul: A arara azul macho está no projeto desde 2011. Originária da ULBRA, se alimenta de frutas e grãos.
Secom/TO
