Os índios amontoaram paus em uma espécie de fogueira no pé de uma das torres de transmissão de energia para derrubá-la, caso a empresa não solucione o problema da ausência de energia em sua aldeia.
Na aldeia que fica ás margens do Córrego Bonito moram 10 famílias com muitas crianças, e segundo a cacique Maria de Jesus Pereira Apinajé, desde agosto do ano passado que era pra empresa ter colocado uma rede de energia na localidade, porém, nunca cumpriu o acordo feito, quando na época, os mesmos indígenas apoiados pelas aldeias próximas interditaram a TO-126 que liga Tocantinópolis a Maurilândia do Tocantins.
"Nós tamu lutando pra vê se nós consegue esse energia pra nós, antom, ela tirô três dia pra conseguí esse enegia pra nós, purquê nós já tamo com um bucado de dia qui nós luta e nunca nós ganhamo esse enérgia , então nós tamo botando mermo pra ganhá mermo, purquê vocês tão vendo que nós tem muito criança, eu têm-o neto, fí, atôm nós qué esse energia pra nós. Nós vamu tirá o prazo só de três dia mermo pra vê se nós ganha esse energia", disse a cacique Mara de Jesus com seu jeito simples de falar.
A filha da cacique da aldeia, Jandira Apinajé, muito emocionada, também quis se manifestar falando o seguinte: "Nós tamo aqui querendo energia pra nós e os povo da celtins nunca viero pá fazer essa energia pra nós, que nós precisa muito, porque nós tem muita criança pequena, e é pertim lá de nós e eles nunca fizero isso pra nós, desde o ano passado do dia 22 de Agosto, nós fizemo documento pra eles, nós mandemo e nada, nunca fizero nada pra nós, e nós tamo lutando já tem um ano que nos luta pra ganhá essa energia, eles nunca viero aqui pra falá qui nós vamo fazê isso pra vocês". Disse Jandira.
O esposo da cacique da aldeia o senhor Lourival de Jesus Neto da Silva, que não é indígena, mas, é casado com Maria de Jesus a bastante tempo e mora na aldeia, falou o seguinte: "há então nós resolvemo fazê isso aqui, qui si num fô resôvido com esse prauzo de três dias nós vamo tacá fogo mermo, derrubá, jogá no chão e num vai tê jeito mermo".
Os indígenas enviaram um documento com a solicitação para que fosse colocado energia na aldeia através do senhor Anísio que é cacique da aldeia Girassol, uma das maiores do município de Tocantinópolis, que conta com 56 famílias e cerca de 302 moradores, e todos estão apoiando a atitude de seus irmãos Apinajés.
O documento foi entregue no escritório da empresa dando o prazo de três dias para que se tome uma providencia quanto a colocação da energia, ou então os moradores da aldeia colocarão fogo na torre 'S nº 56' ás 18 horas do sábado (6), que segundo eles atrapalhará nas eleições das cidades que recebem a energia transmitida desta torre.
CELTINS
Procuramos informações sobre os problemas que poderiam ser causados com a queda da torre, e o funcionário que nos atendeu que é de uma prestadora de serviços da empresa nos respondeu que a queda da torre só trará danos materiais a Celtins, porque a linha de transmissão é uma das que são usadas como reserva, ou seja, faltando energia nesta linha, a manobra será feita automaticamente na sub-estação de Tocantinópolis que passará a receber energia vinda do Maranhão, mais propriamente da sub-estação da Eletronorte que fica em Porto Franco-MA., não ocasionando falta de energia nas cidades alimentadas por estas linhas.
Resta-nos esperar para ver o que vai acontecer nestes três dias vindouros, e ver se os indígenas vão cumprir o acordo de derrubar a torre caso não sejam atendidos, ou a empresa vai tomar outra providência.
Vejam o depoimento dos indígenas no vídeo abaixo:
