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Índios Apinajé Aceitam Proposta da Celtins e Desistem de Botar Fogo em Torre de Energia

Data do post: 06/10/2012 04:03:02 - Visualizações: (1407)

Os indígenas da etnia Apinajé da aldeia Macaúba haviam amontoado paus e galhos de árvores numa espécie de fogueira gigante para derrubar uma das torres de transmissão de energia da Rede Celtins que atravessa sua reserva, caso a empresa não colocasse energia na sua aldeia.

         Durou pouco a manifestação dos índios moradores da aldeia Macaúba, distante 24 km de Tocantinópolis na reserva indígena Apinajé.

            Numa reunião que aconteceu na manhã desta ultima sexta-feira (5), no auditório da UFT os representantes das aldeias Macaúba, Aldeinha, Furna Negra, Bacabinha, Mariazinha, Girassol, Bonito e Barra do Dia, tiveram a oportunidade de expor os problemas enfrentados por alguns indígenas que moram em aldeias que ainda não possuem energia elétrica, ao representante da Rede Celtins Senhor Marcelo. A reunião contou ainda com as presenças de representantes da Funai, polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, e Polícia Militar.

            Na reunião, o representante da Celtins Senhor Marcelo, explicou aos presentes que a rede de energia daquela localidade ainda não havia sido feita por estar parada na burocracia, por causa de algumas documentações necessárias para poderem colocar a rede na aldeia, pedindo um prazo máximo de quinze dias para resolver a situação no local, mas, que poderiam terminar até antes.

            Como alguns dos caciques presentes reclamaram da falta de energia também em suas aldeias, o representante da Celtins prometeu que tão logo eles terminassem a rede da aldeia Macaúba, passariam a executar o serviço nas aldeias que também ainda não tem energia, para aproveitar a mão de obra que vai estar no local.

            O primeiro a falar representando os indígenas foi o senhor Anisio, cacique da aldeia Girassol, uma das maiores da reserva, que hoje conta com cerca de 300 moradores. Anísio explicou aos seus irmãos Apinajés que realmente havia muito burocracia para se fazer uma implantação de energia dessas, e que a empresa realmente necessitaria de um prazo para realizar a obra, mas, exigiu que fosse assinado um termo de compromisso com a presença de um procurador da república.

            Após a fala de Anísio, foi a vez da cacique da Aldeia Macaúba, pivô do impasse que primeiramente falou em sua língua nativa com seus irmãos no intuito de saber se realmente davam uma outra chance a empresa, já que a mesma havia descumprido um acordo anteriormente.

            Um dos representantes da Funai, perguntou ao Senhor Marcelo se a empresa também já poderia instalar energia na Aldeia Olho D'água, que fica próxima a aldeia Macaúba e o representante da Celtins disse que iria ver essa possibilidade de resolver os dois problemas de uma só vez.

            Quando perguntados se aceitariam o prazo pedido pela empresa os indígenas começaram a falar um de cada vez, a começar pelo cacique da aldeia Bonito, Evangelista que falou aos presentes dizendo que estava lá para dá apoio aos seus irmãos e concordava com o prazo.

            Na seqüência falou o vice-cacique da aldeia Mariazinha, que também é filho da cacique da aldeia Macaúba senhora Maria de Jesus. Este perguntou se o prazo de 15 dias era a partir da quarta-feira próxima, dia que ficou combinado para assinatura do termo de compromisso, ou se os quinze dias eram a contar da data de hoje, e o representante da empresa disse que o prazo era a partir desta reunião.

            Todos os outros índios presentes concordaram em dar o prazo para a Celtins, porém, se não colocassem no prazo estipulado a torre iria abaixo.

            Preocupado com a torre, o senhor Marcelo da Celtins, perguntou sobre a possibilidade de que fosse retirada a madeira que está amontoada no pé da torre, haja visto que a mesma ficando no local, poderia acontecer algum tipo de incêndio criminoso porque a torre fica muito próxima da rodovia, e a cacique Maria de Jesus lhe informou que só tiraria a madeira se os outros ajudassem, concordando na retirada de toda a madeira, mas, deixando ela próxima para um possível uso dela futuramente.

            No término da reunião, todos os presentes assinaram a Ata, e imediatamente trataram de seguir para a aldeia a fim de retirar toda a madeira do pé da imensa estrutura.

            Para realizar o serviço, os representantes da Funai acionaram o Grupo de Prevenção Indígena, que é formada por 14 índios de duas aldeias Apinajé, 7 da Mariazinha e 7 da São José. Estes brigadistas, receberam um treinamento da ONG "Associação Comunitária do Corpo de Bombeiro Civil Florestal sem Fronteiras", onde aprenderam todas as técnicas de combate e controle ao fogo, também receberam treinamento de busca e resgate na selva, e os participantes recebem todo material para trabalhar, além de um auxilio financeiro.

            Perguntamos a um dos representantes da Funai, sobre quem pagaria a conta de energia que seria gerada na aldeia, e nos foi explicado que os indígenas se recusam a pagar esses valores, por conta de que as torres de transmissão ficam dentro da terra deles, e que não existe nenhuma compensação por este uso, e que na época que foi construída a rede, ainda não existia a legislação ambiental atual, e que foi feita uma negociação direta com algumas lideranças indígenas, e que até hoje ainda não foi definida a forma de como foi feito o pagamento para esta linha passar na reserva, e que na época era a antiga empresa CELG (Centrais elétricas de Goiás). "Os indígenas reivindicam para que fosse revisto este processo que foi feito ainda em 1985, e que consta que foram pagos 13 milhões de cruzeiros para os representantes indígenas, mas, na documentação não consta os recibos de pagamentos, e até hoje ninguém sabe quem recebeu esse pagamento ou como foi pago, e por causa desta dúvida muitos indígenas acham que não devem pagar energia elétrica". Explicou o funcionário da Funai.

Vejam o momento que os brigadistas retiraram a madeira do pé da torre no vídeo abaixo: