O lavrador Luiz Filho Alves de Sousa de 47 anos teve o seu veículo incendiado quando transportava leite da fazenda Vovó Tomázia para a cidade, e após o acontecido o proprietário o despejou.
Segundo Luiz, ele o fazendeiro Manoel Fernandes proprietário da Fazenda Vovó Tomázia que fica a cerca de 16 km do centro de Tocantinópolis, entraram em acordo para que Luiz fosse morar na propriedade e assim este cuidasse da produção de leite na 'meia', ou seja, metade da produção de leite vendida era dividida entre os dois, sendo que Luiz ficava obrigado a ordenhar as vacas bem cedinho e fosse entregar em seu veículo, um gol modelo antigo, a produção do dia na cidade. No acordo, segundo relata Luiz, o proprietário se responsabilizou em ajudar na despesa de combustível e algum outro prejuízo causado no veículo durante o trabalho, "tudo era pra ser dividido".
O caseiro nos explicou que ele também tinha de cuidar de alguns afazeres na propriedade, e que o trato feito entre ele e Manoel Fernandes foi "apenas de boca, de homem pra homem".
Por fatalidade do destino, no ultimo dia 25 de fevereiro, uma segunda-feira, Luiz se deslocava para a cidade com 50 litros de leite no bagageiro do carro para ser entregue, quando o veículo se incendiou por problemas elétricos. Junto com ele havia seus três filhos que estavam indo para a escola, e a esposa que lhe ajudaria nas entregas.
O acidente, segundo Luiz conta, aconteceu por volta das 05h30min ainda na estrada de terra, antes de entrar na TO-126. “Sou evangélico e na hora me apeguei a Deus que me deu força pra guiar o carro mesmo pegando fogo numa descida até um pequeno açude onde joguei água pelas brechas do capô e apagar o incêndio”. Contou Luiz.
Após o acontecido o caseiro disse que foi pedir ajuda ao fazendeiro para que lhe auxiliasse no transporte do gol até uma oficina na cidade, porém, este lhe negou, mesmo possuindo dois carros e um trator de pneu que facilitaria o serviço. Desapontado, o caseiro pagou um outro veículo para puxar o seu até uma oficina para consertar, e quando procurou o senhor Manoel Fernandes para que lhe ajudasse na metade da despesa que ficou em apenas R$ 500,00 (quinhentos reais), este disse que não poderia fazer nada por ele e que pagou somente o frete de um caminhão que serviu para retirar as coisas de Luiz de sua fazenda, deixando o caseiro desolado. “Pôxa, nós havíamos combinado dividir as despesas e após ter acontecido esta fatalidade ele virou as costas pra mim, são apenas 250 reais, pra ele não é nada, mais pra mim que tenho tão pouco é muito, o carro está na oficina e eu estou sem trabalhar pra sustentar minha família”. Relatou Luiz que disse ter oferecido pagar os 250 reais de volta ao fazendeiro em outros serviços nem que fosse roçando pastos, mas, sem resultado.
Luiz, a esposa, e os três filhos estão morando na Rua Nova Vida, nº 72 na Vila Antonio Pereira em Tocantinópolis e disse que resolveu procurar os meios de comunicação para que todos soubessem da covardia que o senhor Manoel Fernandes estava fazendo com ele e sua família, pois o carro é um dos únicos bem que eles possuem e um meio de conseguir renda para se sustentarem. “Todos me disseram pra procurar o Cokim para que ele colocasse no site dele e também que o Nardele de Oliveira do programa microfone aberto soubesse do meu caso e divulgasse na rádio minha situação, então criei coragem e vim, não me arrependo, só peço que o senhor Manoel tenha consciência do que está fazendo comigo e minha família”. Disse o magoado Luiz Filho.
Este caso do senhor Luiz, é apenas mais um de muitos que acontecem diariamente em toda a região Tocantina e no Brasil, onde fazendeiros inescrupulosos usam de sua boa situação financeira para explorar indivíduos que são obrigados a aceitar situação de trabalho que margeiam a escravidão. Estes homens, geralmente se vêm obrigado a aceitar as propostas indecentes vida dos patrões para não ver seus filhos e esposa passando necessidade, trabalham para apenas comer, não tendo perspectiva de um futuro melhor. No caso de Luiz, foi o carro que está quebrado, mas, se o mesmo tivesse um acidente na hora da ordenha de uma vaca ocasionado por um coice do animal que é o mais comum neste tipo de serviço, podem ter certeza que o pobre do caseiro seria despejado do mesmo jeito, pois não serviria mais aos propósitos do fazendeiro.
