Além de bloquear as duas importantes rodovias, os indígenas também apreenderam uma caçamba da Secretaria da Infra Estrutura do Governo do Estado "Dertins", e segundo o Cacique Emilio Apinajé, o veículo e as rodovias só serão liberadas quando as exigências deles forem atendidas.
Cansados de esperar por uma solução quanto a situação das estradas vicinais que dão acesso as dezenas de aldeias da etnia apinajé, os indígenas se reuniram e resolveram bloquear duas rodovias que passam por dentro das terras deles, sendo que a primeira a ser bloqueada foi a Rodovia TO-126 nesta ultima segunda feira (23), e nesta terça feira (24), foi a vez da TO-210, mesma rodovia que liga Tocantinópolis as cidades de Nazaré, Santa Terezinha e dá acesso ao norte da região do Bico do Papagaio.
Segundo informações dos indígenas, o mês de Março já está terminando e até agora existem aldeias que ainda não iniciaram o ano letivo, porque os veículos não conseguem chegar até elas para buscar e levar os estudantes.
O Cacique Emílio Apinajé, considerado o Cacique dos Caciques desta etnia falou sobre as interdições. Vejam a entrevista no vídeo abaixo:
Antes de tomar a atitude de protestar com as interdições, os Apinajés relatam que nos últimos cinco anos eles tem encaminhado inúmeros documentos informando e alertando as autoridades sobre a situação de abandono e precariedade das estradas vicinais de acesso às aldeias Apinajé, localizadas nos municípios de Tocantinópolis e Maurilândia.
Ao mesmo tempo foi emitido ofícios e feitos pedidos verbais ao senhor Gilvamar Moreira de Sousa, ex-chefe do DERTINS e ao senhor Adauto Mitsuo, atual Engenheiro chefe desse órgão em Tocantinópolis solicitando a recuperação das estradas internas da área Apinajé, e uma comissão formada pelos caciques das principais aldeias procuraram o prefeito Fabion Gomes ainda no ano passado e este disse que o maquinário da prefeitura não daria conta do serviço, passando a responsabilidade ao Dertins, e assim o problema foi aumentando até chegar a situação que se encontra hoje.
Os indígenas contam que nas várias reuniões e conversas que tiveram com o senhor Adauto Mitsuo e o prefeito Fabion Gomes de Sousa, perceberam uma certa falta de vontade política dos mesmos de fazer a recuperação dessas estradas vicinais de acesso às aldeias. No entanto notaram também (da parte deles) uma forte disposição de desviar o foco da questão transferindo suas responsabilidades para a Fundação Nacional do Índio-FUNAI.
Uma outra reunião também aconteceu em Palmas ainda em fevereiro de 23014, onde os procuradores do Ministério público Federal Dr. Álvaro Lutufo Manzano e a Dra. Ardila Pereira de Albuquerque realizaram reunião em Palmas (TO), para tratar do assunto. Porém demonstrando descaso e falta de compromisso com a questão, os prefeitos de Tocantinópolis e Maurilândia foram convidados, mas não compareceram e nem enviaram representantes.
Em uma das tentativas de conseguir resolver o problema o Dertins encaminhou aos indígenas uma proposta um pouco inescrupulosa, no qual a Funai arcaria com as despesas de alimentação e combustíveis para que o maquinário da secretaria pudesse consertar as estradas das aldeias.
No pedido feito pelo Dertins, encaminhado através de um ofício datado de 13 de fevereiro de 2015, consta o pedido de nada menos do que 42.500 (quarenta e dois mil e quinhentos), litros de combustível em sua maioria óleo Diesel, 528 (quinhentos e vinte e oito), refeições sendo carne, arroz, feijão, macarrão e salada, isso para apenas três dias de trabalhos, o que segundo o próprio órgão, daria para consertar as vicinais de 11 aldeias, mas vale ressaltar que na terra apinajé possui cerca de 40.
Em resposta ao ofício solicitando a nada humilde contribuição, a Funai respondeu que por lei, a manutenção das estradas vicinais que cortam as terras indígenas e demais vicinais são de competência dos Estados e Municípios, e que o órgão está a disposição para auxiliar nos trabalhos de manutenção das mesmas.
Como o problema é corriqueiro, e acontece todos os anos durante o período chuvoso, e como a manutenção não é feito á anos, agora em 2015 pelo menos 4 aldeias estão totalmente isoladas por causa de erosões causadas pelas águas da chuva, o que impede a circulação do Transporte Escolar e está deixando centenas de alunos sem ir a escola, e assim para chamar a atenção e manifestar a indignação com o descaso que está acontecendo com os indígenas desta etnia eles resolveram bloquear de forma pacificamente as Rodovias TO-126 e TO-210.
Antes mesmo da interdição destas rodovias, o Ministério Público Federal já havia entrado na questão por intermédio dos indigenistas da Funai que já haviam relatado o caso ao MPF, e assim uma reunião foi marcada para o próximo dia 16 de Abril em Araguaína para explicar a competência da prefeitura, do Estado e da Funai quanto a este problema. Agora resta saber por quanto tempo os indígenas ficarão com essas duas rodovias interditadas, pois pela organização vista nos dois acampamentos, eles estão preparados para um longo período.