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Atrás das Grades da CPP: Assistido da DPE Mostra Sua Transformação Pessoal Por Meio da Fé e das Artes

Data do post: 29/06/2018 14:30:54 - Visualizações: (763)

Defensoria Pública recebeu de Jardiel, ou JLopes, como prefere ser chamado, uma das telas pintadas por ele na Casa de Prisão Provisória de Palmas. Acervo conta com mais de 30 obras.

Defensoria Pública-TOUsando uniforme e com as mãos algemadas, cabeça inclinada para baixo e olhar desconfiado, o homem chega a uma sala da Casa de Prisão Provisória (CPP) de Palmas para a entrevista. Enquanto os agentes prisionais retiram as algemas das mãos, ele se apresenta, quase que timidamente: “Bom dia, sou Jardiel”. Natural de Arari (MA), com 34 anos de idade, Jardiel dos Santos Lopes vive, hoje, sob um contexto diferente de outros detentos porque encontrou na fé e nas artes um universo diferente da rotina violenta que o levou à prisão.

“Descobri com a pintura que posso ser útil, que tenho o meu valor”, orgulha-se o detento, que está preso há 13 anos. “Com uma tela na minha frente eu viajo pelo mundo sem estar de corpo presente, visito vários ambientes, vários universos e me esqueço até mesmo dos problemas e do lugar onde estou. É uma fuga, me ajuda a me desenvolver e me entender como um ser humano melhor”, declara.

Ao falar sobre sua relação com a arte e o nome que assina as suas telas, a timidez inicial começa a dar lugar para o orgulho em ser artista: “Sou JLopes!”, diz. “Minha paixão é a pintura, mas estou escrevendo um livro. Tenho composições musicais e estou aprendendo a tocar violão”, conta. O sorriso ao falar disso estampa o seu rosto.

Acervo

Dos 13 anos preso, há dez ele “se encontrou” com as artes plásticas, dedicação que o permitiu construir um acervo que já conta com cerca de 30 telas. Algumas estão espalhadas em corredores da CPP de Palmas: “É dar um pouco de cor e vida em um ambiente onde não temos pessoas com muita esperança”, diz. 

Algumas telas são doadas a amigos e familiares. A doação mais recente foi para a Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO).  Intitulada “A Última Ceia”, a tela é uma interpretação da obra homônima de Leonardo da Vinci e foi incorporada ao patrimônio da Instituição.

Mas apesar da referência a Da Vinci, a maioria de suas obras traz alusão às próprias lembranças, especialmente de paisagens e aves. Não por acaso, um tucano foi a sua primeira pintura.

Contexto

A história de JLopes antes que chegasse ao sistema prisional segue, infelizmente, um roteiro comum: se envolveu com drogas na adolescência, conviveu com más influências nesse período e também na juventude, e cometeu crimes. No banco de réus, foi condenado ao regime fechado por latrocínio.

Defensoria Pública-TOJLopes tem um filho de seis anos de idade e é assistido pela DPE-TO. Por meio do Núcleo Especializado de Assistência e Defesa ao Preso (Nadep), a Defensoria presta a orientação jurídica necessária a ele e a outros assistidos que cumprem pena ou aguardam julgamento no Tocantins.

Transformação

Foi no presídio em Araguaína que JLopes concluiu o Ensino Médio e onde fez, em 2008, um curso de pintura. Também na prisão ele se aproximou da fé e está, hoje, na ala da CPP de Palmas que concentra os detentos evangélicos. A cela é chamada por eles de “igreja”.

Além das telas, JLopes tem mais de 30 composições musicais, está escrevendo a sua autobiografia, pratica aulas de violão - ministrada por um colega de cela - e decidiu se voluntariar para alfabetizar outros detentos.

Para a DPE-TO, é motivo de satisfação exibir na Instituição a tela de JLopes. “Tal iniciativa é mais um incentivo para esta Defensoria Pública no cumprimento de nossa missão institucional”, destacou o defensor público-geral no Tocantins, Murilo da Costa Machado.

Jardiel - o JLopes - terminará de cumprir a pena total com mais de 80 anos. Ele, por sua vez, acredita na transformação: “Eu detonei o meu passado, mas hoje eu entendo que ainda dá para acreditar no futuro”. Ele, por sua vez, acredita na transformação: “Eu detonei o meu passado, mas hoje eu entendo que ainda dá para acreditar no futuro”.

Fonte: Defensoria Pública-TO