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Desumanização no Atendimento Potencializa os Problemas no HGP, Alerta Defensoria Pública

Data do post: 27/07/2018 19:58:53 - Visualizações: (717)

 Casos encontrados pela DPE-TO, em vistoria nesta terça-feira, 24, foram informados à Polícia Civil com pedido de investigação.

crédito Nusa DPE-TO / DivulgaçãoO corredor do Hospital Geral de Palmas (HGP) não estava amontoado de macas e com pacientes na tarde desta terça-feira, 24, quando uma equipe da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) esteve no local para uma vistoria. Porém, pacientes foram encontrados em outro espaço tão improvisado quanto o corredor, como é o caso das pessoas que estão, há dias, na sala de triagem. Essa situação, que para a Defensoria é qualificada como desumanização no atendimento, foi informada à Polícia Civil com o pedido de investigação.

A sala de triagem deveria ser um lugar provisório para a identificação da prioridade de atendimento. Deveria... A vistoria realizada pelo Núcleo Especializado em Defesa da Saúde (Nusa) da DPE-TO revelou que o Setor está sendo utilizado como sala de internação, embora sem macas para todos e sem espaço para o atendimento adequado. Homens e mulheres de diferentes idades e situações de saúde dividem a mesma sala.

Foi na Triagem que a equipe do Nusa encontrou um idoso com mais de 70 anos. Relatando estar com dores, ele aguardava, desde a última segunda-feira, 23, ser submetido a um procedimento de hidrocefalia. O paciente estava em uma cadeira de fio. Ao se levantar, sentiu dificuldades para andar sozinho, possivelmente pelo tempo que estava sentado.

A Defensoria identificou que na sala da triagem, onde os pacientes deveriam ficar por até duas horas, a espera é bem mais longa que isso: dura até quatro dias. Coordenador do Nusa, o defensor público Arthur Luiz Pádua Marques encaminhou à Policia Civil um pedido de apuração da conduta omissiva. Para o Defensor, o cenário encontrado é de desumanização do atendimento, o que afeta ainda mais os problemas do maior hospital do Tocantins.

Desumanização

Um paciente está com tumor cerebral, mas conforme o relatório da vistoria, ele ainda não passou por cirurgia por falta de materiais e equipamentos. Outro paciente identificado pela DPE-TO nesta terça-feira, 24, durante a vistoria, teve a cirurgia remarcada também por falta de materiais.

Fora da vistoria, na sede da Instituição, a Defensoria também foi informada, por familiares, que um paciente morreu, na segunda-feira, 23, por choque séptico (presença de bactérias na corrente sanguínea). A esposa dele, em relato à DPE-TO, reclamou que houve falta de cuidados com a higiene do paciente, o que ela acredita que pode ter agravado o quadro de saúde. Ele era cardíaco, diagnosticado com Síndrome de Fournier (uma infecção bacteriana que provoca a destruição das células) e, devido ao longo tempo de internação, desenvolveu escaras que necrosaram a pele das costas.

Cirurgias

No centro cirúrgico, a vistoria identificou uma série de situações que o Nusa qualifica como omissas, a exemplo da falta de drill e craniótromo (equipamentos que auxiliam na precisão de cortes e perfurações no crânio e coluna), ausência de imagens de raio-X e leitos para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Conforme o relatório, cirurgias atrasam por falta de informação do setor de regulação se haverá leito de UTI para o paciente. Foram identificados, ainda, casos em que a equipe médica está no Hospital para a realização de uma cirurgia, mas fica à espera das informações do referido Setor.

Além das neurocirurgias, os procedimentos cirúrgicos ortopédicos também estão suspensos por falta de materiais e equipamentos, a exemplo do artroscópio (instrumento ótico para cirurgias monitoras e auxiliadas por um monitor em vídeo).

Fluxo de atendimento

No Hospital, a informação é que os problemas relacionados a materiais para cirurgias e serviços de manutenção de equipamentos são causados pela falta de pagamento de fornecedores.

Dados de junho deste ano apontam para 123 pessoas esperando por neurocirurgias no Tocantins. Conforme o termo da audiência realizada na Justiça em 27 de abril deste ano, cerca de cinco mil pacientes estão na fila de espera por cirurgias eletivas, em diferentes especialidades.

Fonte: Cléo Oliveira / Ascom DPE-TO