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Áudios do Whatsapp Causam Medo e Preocupação aos Moradores Ribeirinhos Abaixo da UHE Estreito

Data do post: 29/01/2019 03:07:12 - Visualizações: (18951)

Pânico, aflição e incerteza. Sentimentos que tomaram conta da população das principais cidades dos estados do Tocantins e Maranhão, que margeiam o Rio Tocantins a jusante da Usina Hidrelétrica de Estreito, a qual é gerida pelo CESTE (Consórcio Estreito Energia).

Foto: Dirceu LenoO tumulto nas redes sociais aconteceu após a divulgação de áudios em grupos de Whatsapp por um morador de Estreito (MA), que aproveitando-se da catástrofe ambiental ocorrida na última sexta-feira (25), ocasionando dezenas de mortes em Brumadinho (MG), tentou fazer um alerta sobre um possível acontecimento parecido em sua cidade, porém, como um fuxico, os áudios foram mal interpretados e munícipes de cidades como Tocantinópolis, Maurilândia do Tocantins, Itaguatins e até mesmo em Imperatriz (MA), ficaram polvorosos por medo de que a barragem de Estreito também se rompesse.

Foto: Dirceu LenoO autor dos áudios chama-se Wanderson Figueiredo, nascido em Estreito (MA). Considerado por todos na cidade como polemico, Figueiredo é pré-candidato declarado a vereador na cidade maranhense, e aproveitando da situação gravou áudios que rodaram em diversas partes do Brasil nas últimas horas.

Nos áudios, "Figueiredo Delivery" outro pseudônimo que ele usa, afirmou em partes de sua fala que: "Temos na nossa cidade um risco muito grande de acontecer em Estreito, o que tá acontecendo em outros lugares", referindo-se a à cidade, bem como a UHE. Em outro trecho ele afirma sobre um possível rompimento da barragem: "Já houve o rompimento", referindo-se as margens abaixo da usina. (Ouçam no vídeo abaixo)

Ao utilizar a comparação com "outros acidentes", remeteu às pessoas a entenderem que se tratava de um possível rompimento da barragem, criando assim um grande desespero por parte dos moradores de diversas cidades, como em Tocantinópolis que é sede da Colônia de Pescadores Z-7, no qual esses pescadores ficaram muito preocupados por causa de suas embarcações que ficam atracadas próximo ao prédio da Colônia. "É o jeito vigiar dia e noite, não sabemos se é verdade ou mentira", relatou um dos pescadores colonizados.

Em questão de segundos, inúmeros grupos de notícias por todo o Brasil, receberam os áudios deixando assim centenas de pessoas apavoradas em meio à situação. Como as pessoas não estão próximas ao local para procurarem saber a veracidade dos fatos, muitos chegaram a sair de suas casas para retirar barcos da água e comunicar os familiares. Um morador aparentemente de Belém no Estado do Pará, enviou áudios em vários grupos de Whatsapp desesperado em busca de informações, na intenção de proteger familiares que moram as margens do Rio, no Maranhão.

Nossa Redação recebeu diversos telefonemas e mensagens, solicitando que apurássemos a veracidade do fato, para que assim a população pudesse saber o que realmente fazer diante a um eminente perigo. Diante de toda essa turbulência causada pelas redes sociais, o Tocnoticias foi apurar a situação in loco, com o objetivo de entender melhor a história. Nesse sentido, nossa equipe se deslocou até a cidade de Estreito (MA), sede principal do CESTE, a fim de averiguar a verdadeira situação.

Imagem do site www.tocnoticias.com.brUtilizando um drone os repórteres sobrevoaram a barragem para ver se havia alguma coisa de anormal ou que por ventura chamasse a atenção e, justificasse o alerta, porém, o que foi flagrado mesmo de fato foi a tentativa do Consórcio Estreito Energia de parar uma imensa erosão que, segundo os ribeirinhos residentes às no local, já derrocou cerca de 70 metros da margem esquerda do rio. A situação, de acordo com os moradores, vem acontecendo desde que inauguraram da imensa obra que outrora impulsionou a economia da região.

Imagem do site www.tocnoticias.com.brVale destacar, que a erosão acontece abaixo do paredão que prende a água e forma o imenso lago. No entanto, a situação é motivo de muita preocupação por causa de outra obra desenfreada do homem. Ou seja, imensos buracos foram feitos durante a extração de argila, matéria-prima usada pelas cerâmicas da cidade para a produção de tijolos, telhas, dentre outros, no município de Estreito.

Foto: Dirceu LenoUm fato bastante curioso é que só agora o Ceste resolveu tomar providencias quando as erosões causadas pela constante defluência do lago. Com a soltura da água acumulada pela barragem da hidroelétrica, tem provocado progressivo desgaste nas margens do Rio Tocantins. Tudo indica que os engenheiros à época da obra não previram esse acontecimentos e assim, para conter o derrocamento, a UHE Estreito está fazendo a colocação de pedras na tentativa de rever o prejuízo, o qual tem provocado medo nos ribeirinhos, principalmente os que residem no Bairro da Areia.

Imagem do site www.tocnoticias.com.brA imagem abaixo mostra fielmente a quê Figueiredo estava se referindo em seus áudios polêmicos. Em certos pontos, a separação do rio com os lagos formados pela água da chuva que se acumulam juntamente com as do córrego  Pau Pega somam no máximo 50 metros do Rio Tocantins o que tem feito a empresa responsável pela barragem a realizar uma verdadeira corrida contra o tempo para tentar evitar que a erosão interligue o rio aos lagos das cerâmicas e assim cause o desastre que Wanderson se referia, no caso, a total inundação do Bairro da Areia que fica abaixo dos lagos.

Imagem do site www.tocnoticias.com.brImagem do site www.tocnoticias.com.brO problema é preocupante para os moradores da cidade de Estreito, o alerta feito em áudios por Figueiredo se referia àquela situação mas, o aspirante a político foi no mínimo irresponsável e incoerente por não ter especificado em seu palanque improvisado nas redes sociais do que realmente se tratava, e ao soltar o verbo para o mundo inteiro saber, o pré-candidato a vereador causou prejuízos e preocupação não só na região mais em várias partes do Brasil por causa dos familiares dos ribeirinhos que estão longe e preocupados com seus entes queridos.

Foto: Dirceu LenoA situação atual é conflitante, mesmo diante de tamanho alarde provocados pelos áudios compartilhados por centenas de grupos, o CESTE não se manifestou quanto ao problema, e mesmo com a ida de nossa equipe até o escritório do consórcio para que o mesmo pudesse se manifestar sobre a situação, no entanto, a atendente disse apenas que caso houver necessidade, a UHE Estreito se manifestará através de nota, carro de som ou rádio, entregando apenas um cartão de visitas com um número 0800 e um e-mail para que pudéssemos enviar uma solicitação de nota sobre o assunto.

Esse episódio deixa uma lacuna quanto às fiscalizações dos órgãos competentes pós construção de uma obra como esta barragem, já que o próprio Wanderson Figueiredo conta ter denunciado ao Ibama sobre esta situação e que estas denuncias até o momento não surtiram efeito.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Roberlan Cokim com Dirceu Leno