O caso gerou muita comoção junto à população da cidade do norte do Estado.
A conclusão das investigações realizadas pela Polícia Civil do Tocantins para esclarecer as circunstâncias da morte de uma idosa de 86 anos, em Araguaína, possibilitaram ao Ministério Público do Estado do Tocantins, através da 4ª Promotoria de Justiça de Araguaína, oferecer nesta sexta-feira, 5, denúncia contra uma médica de 43 anos pela morte da idosa Doralice Cavalcante Rodrigues. O fato ocorreu no dia 5 de dezembro de 2018 no âmbito do Hospital Regional de Araguaína
De acordo com o apurado durante as investigações realizadas pelas equipes da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Araguaína e também segundo consta no teor da denúncia do MPE, a médica, agindo comissivamente por omissão, provocou a morte da vítima Doralice. A médica foi denunciada pela prática do crime de homicídio doloso majorado, pois a denunciada tinha a obrigação de cuidado para com a vítima. Ainda, foi fundamento da denúncia o fato de a médica com o seu comportamento anterior ter criado o risco para a morte da paciente quando negou de forma desdenhosa atendimento a ela na sala vermelha do HRA. Agora, a médica irá encarar o Júri Popular, podendo ser condenada a uma pena de prisão por vários anos.
Entenda o caso
A Polícia Civil do Estado do Tocantins, por meio da 26ª Delegacia de Polícia Civil de Araguaína, no dia 23/09/2020, concluiu as investigações referentes à apuração da conduta da médica de 43 anos, que ocasionou a morte da vítima Doralice Cavalcante Rodrigues, de 86 anos.
Conforme o apurado, no dia 05 de dezembro de 2018 a idosa passou mal, e, após receber os primeiros atendimentos em sua residência pela equipa do Samu, foi encaminhada para a UPA/Araguaína. Na Unidade de Saúde foi constatado que a senhora Doralice estava bastante debilitada devido ao quadro de insuficiência respiratória, o qual já estava sofrendo há três dias, tendo em vista pneumonia aguda, sendo logo em seguida encaminhada ao Hospital Regional de Araguaína.
Chegando ao HRA, por conta do estado de saúde gravíssimo em que se encontrava, a idosa foi de imediato encaminhada para a sala vermelha para que ali recebesse cuidados intensivos. No momento em que a idosa adentrava na Sala Vermelha, estando numa maca do SAMU, a médica plantonista e responsável pelo local, determinou que os funcionários retirasse a idosa dali, afirmando: “Ela Está boa toda, Melhor do que eu”, demonstrando total desdém para a condição em que se encontrava a paciente, sendo a mesma encaminhada para a Sala Verde, local inadequado para o atendimento de Doralice.
Toda a cena foi gravada pelo neto da idosa, que apresentou o referido vídeo à Polícia Civil. Tendo em vista a inadequação da Sala Verde, a idosa faleceu no dia seguinte por insuficiência respiratória, e conforme apurado durante as investigações da Polícia Civil, a mesma passou por grande sofrimento até a morte, que ocorreu às 21 horas depois de dar entrada no HRA.
Ainda, há relatos de testemunhas que a médica, enquanto falava que a vítima estaria melhor do que ela empurrava a maca onde estava a idosa de forma abrupta e truculenta, deixando todos os que presenciaram a cena extremamente revoltados. O delegado Luís Gonzaga da Silva Neto, titular da 26ª Delegacia de Araguaína, concluiu o inquérito policial, sendo a médica indiciada pela prática, em tese, do crime de homicídio doloso majorado, pois tinha o dever de legal, como médica, de cuidado e o comportamento dela ocasionou de forma direta a morte da idosa.