Equipamentos recuperam dados de celular a ajudam na produção de provas.
Em uma parceria inédita para o estado, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO) recebeu a doação de dois equipamentos Cellebrite, da ONG The Exodus Road, que é uma organização sem fins lucrativos especializada em combater o tráfico humano, pedofilia e exploração sexual. O equipamento, direcionado às autoridades policiais, é um serviço israelense com capacidade técnica para desbloquear diversos celulares e recuperar dados apagados. A entrega aconteceu nesta sexta-feira, 27, no auditório da pasta e contou com a presença do secretário da SSP-TO, Cristiano Sampaio, do presidente da organização não governamental The Exodus Road (TER), Jonathan Matthew Parker e autoridades da Polícia Civil do Tocantins.
Na ocasião também foi assinado o Acordo de Cooperação Técnica entre as partes para a capacitação de policiais civis para operação do sistema que identifica possíveis vítimas e também criminosos. O curso inclui os módulos de Introdução ao Tráfico Humano Global e Tráfico Humano no Brasil.
“Por onde tenho andado no Brasil, tenho visto que o crime é globalizado. Desde que iniciei minha atuação, como delegado de polícia federal, o que mais fiz foi prender pessoas envolvidas em crimes virtuais. Apesar das vocações típicas de crimes para cada região do país, temos todos os tipos de crime em todos os lugares. No Tocantins a incidência do tráfico de pessoas ainda é pequena, se comparado a outros estados, mas talvez isso aconteça de forma silenciosa. Com esses equipamentos a proteção dos direitos humanos será fortalecida e efetivada, porque teremos uma perícia e investigações ainda mais eficientes”, agradeceu Sampaio.
Geralmente as pessoas envolvidas nesse tipo de situação recebem promessas de oportunidades de trabalho, são homens e mulheres de todas as idades veem seus sonhos serem substituídos por trabalho forçado, exploração sexual e até remoção de órgãos. “Proteger crianças, mulheres e pessoas vulneráveis não é responsabilidade apenas do Brasil, é um trabalho para todos nós. O tráfico humano está em todos os países e não conhece fronteiras, vi essa situação em quase todos os lugares por onde passei, encontrei mulheres russas em todos os países onde trabalhei, mulheres colombianas em Bangkok, na Tailândia e brasileiras nos Estados Unidos, todas vítimas do tráfico de pessoas. Com essa ferramenta o trabalho fica mais fácil e as polícias ainda mais poderosas, para combater esses crimes e mudar essa realidade”, explicou Matthew.
Para a Delegada-Geral da Polícia Civil do Tocantins, Raimunda Bezerra, a parceria trará para a polícia ainda mais condições de proteger os vulneráveis. “É um passo muito grande que o sistema de segurança está dando para o combate do tráfico humano, principalmente para o interior do nosso estado. Esse novo sistema veio para ajudar essas vítimas e auxiliar a polícia nas investigações criminais,” disse.
“Essa parceria tem tudo para ser um modelo para o Brasil, eu acredito que por tudo que ela traz, há uma possibilidade grande de que possa ser expandida. É uma grande oportunidade para o Tocantins”, destacou o Superintendente de Inteligência da Segurança Pública da SSP-TO, Rômulo Berredo.
Cellebrite, o que faz?
O Cellebrite é um o software que tem capacidade técnica para desbloquear diversos celulares com Android e iOS (iPhones). Normalmente, são utilizados um conjunto de tecnologias, com software e hardware, para desbloquear o telefone ou, pelo menos, extrair qualquer informação possível do aparelho, inclusive dados apagados.
É usado principalmente no trabalho de investigação para coletar dados de modo a preservar a validade jurídica da prova. As soluções de perícia normalmente adotam mecanismos de coleta que facilitam esse trabalho, copiando dados de forma integral. Isso ajuda a recuperar dados perdidos ou apagados.
The Exodus Road
A ONG trabalha com a missão de ajudar a segurança pública a deter traficantes que usam força, fraude ou coerção para controlar as vítimas com o propósito de utilizá-las para trabalho forçado ou serviços sexuais contra sua vontade. A TER não lidera de fato as operações de resgate ou prende sozinha os traficantes. Ela ajuda a fornecer à polícia evidências críticas para que ela possa seguir em frente com os mandados e oferece ainda suporte para agências e vítimas.