A região Norte do Brasil é a que possui o dinheiro em circulação com a pior qualidade. A informação é do diretor de administração do Banco Central, Altamir Lopes. Segundo ele, fatores climáticos e o menor acesso à rede bancária explicam tal condição. Uma pesquisa inédita divulgada pelo Banco Central ontem, 23, revela que cerca de 40% das cédulas de R$ 2, por exemplo, que circulam no Norte estão em condição inadequada. "Evidentemente, na região Norte há uma questão do clima. Além disso, o acesso à rede bancária é menor e o processo de inclusão financeira é baixo. Isso faz com que o dinheiro em circulação demore mais para chegar à rede bancária para ser trocado. Por isso, o dinheiro fica mais tempo na mão das pessoas e a qualidade cai", destacou.
O diretor disse ainda que outra região com deficiência na qualidade do dinheiro é o Nordeste. Neste caso, apesar de o clima não ser úmido como no Norte, o que estraga as cédulas mais rapidamente, o fato de o acesso aos serviços bancários não ser muito amplo também faz com que a saída de circulação do dinheiro de má qualidade seja atrasada. Durante a apresentação do estudo, Altamir Lopes indicou que o BC mantém a programação para que as novas cédulas de R$ 10 e R$ 20 da chamada "segunda família do real" - como a das novas notas de R$ 50 e R$ 100 - sejam lançadas este ano, sem mês definido.Previstas para o ano passado, as novas cédulas tiveram de ser atrasadas por "aspectos operacionais", informa o diretor do BC. "O dinheiro tem alta qualidade e precisa ser testado e checado dentro de um padrão muito elevado. As novas cédulas continuam programadas para 2012", diz Altamir.
NACIONAL
O diretor disse que a manutenção da qualidade do dinheiro em circulação custa R$ 472 milhões por ano. Mais de 85% das células de real em circulação estão em boa qualidade, de acordo com pesquisa feita pelo Banco Central (BC) na virada de 2011 para 2012. Apesar disso, o custo médio com a produção anual do dinheiro chega a R$ 472 milhões, dos quais R$ 377 milhões são gastos com substituição de cédulas desgastadas, revelou o diretor.
‘Dinheiro custa dinheiro’, segundo ele, e a sociedade inteira paga pelo desleixo de alguns que rasgam, grampeiam ou escrevem nas cédulas, descaracterizando-as para a adequada circulação. E quando isso acontece, acrescentou, cabe ao comércio encaminhar o dinheiro estragado à rede bancária, que é obrigada a promover o envio ao BC para substituição. Ele ressalta, portanto, a necessidade de ações educativas quanto ao uso do dinheiro.
(Jornal O Liberal/Agência Estado)