As centenas de pessoas que estão curtindo o feriadão em Salinópolis foram surpreendidas, no início da manhã de ontem, na praia do Atalaia, com o aparecimento de manchas de óleo na areia, lançadas pela preamar matinal. No pique da maré, a mancha já tinha atingido uma longa faixa da área direita de quem chega àquela praia, bem na frente das barracas de venda de bebidas e comidas. Técnicos da Superintendência do Ibama no Pará e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) viajam às 5 horas da madrugada de hoje para o município para avaliar as manchas de óleo que apareceram na praia.
Muitos visitantes acabaram sujando os pés com o óleo, de textura densa, parecido com petróleo. A novidade desagradável afugentou centenas de turistas, que foram obrigados a deixar mais cedo a praia do Atalaia, dando prejuízo aos barraqueiros. Muitos foram embora com os pés manchados pelo óleo.
Assim que a praia começou a ficar salpicada de manchas, imediatamente surgiu a hipótese de que o óleo teria vindo da área do mar onde estão sendo feitas as pesquisas para encontrar petróleo no litoral paraense. Mas essa suposição foi prontamente rebatida pelo sargento Matos, do 4º Sub-Grupamento de Bombeiro Militar, sediado em Salinas. Ele disse que as pesquisas em alto mar ainda não resultaram em extração de petróleo, e que "o mais provável é que essas manchas devam ser de óleo diesel de embarcações grandes", que passam nas proximidades de Salinas. "Se fosse pretróleo seria mais grosso, mais pesado", garante.
Junto com sua equipe, Matos passou várias horas analisando a substância nas areias do Atalaia. Ele informou que os vestígios do óleo se espalharam por uma faixa da praia entre 1.500 e 1.800 metros, "mas não de forma frequente, e sim intermitente. Se fosse um vazamento maior, uma faixa mais extensa de areia teria sido atingida e também haveria óleo na água", afirmou.
Experiente conhecedor da praia do Atalaia, o comerciante Antonio da Silva Costa, explicou que o óleo "foi jogado por um navio que chegou mais próximo da praia para pegar algum prático (o profissional que guia as embarcações em determinadas áreas as quais os comandantes não conhecem) que vem numa lancha". Ele contou que "há pelo menos dois anos" não apareciam manchas de óleo na praia do Atalaia. E aproveitou para explicar que "as fossas das barracas não estão mais vazando e poluindo a praia".
Para a família Oliveira, que reside em Paragominas e estava passando o feriado em Salinas, vai ser "a pior lembrança" que eles vão levar para sua cidade natal. O mecânico Manoel Oliveira contou que ele e seus familiares chegaram na praia por volta das 10h30 de ontem, e quando estavam jogando futebol na areia prestaram atenção que seus pés, e a bola também, estavam sujos "de um óleo que quanto mais a gente tentava limpar, mais se espalhava pelos pés e pernas". Mas todos encararam a situação com bom humor. "Vai sujar o carro, mas vamos levar tudo numa boa", disse Manoel Oliveira.
Professor de Geografia em Belém, João Carlos Hildebrando disse que, sendo ou não petróleo, "os órgãos ligados à proteção do meio ambiente deveriam investigar tudo isso direitinho, que é pra saber quem foi o culpado por essa sujeira". Ele reclamou, também da ausência de garis da Prefeitura de Salinas, "que já deveriam estar aqui pra retirar esse óleo".
(Jornal O Liberal)