Com quase 1,8 milhão de votos, Barbalho foi barrado por ter renunciado ao mandato de senador, em 2001, para evitar a cassação –ele era acusado de desviar recursos da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). O terceiro mais votado foi Paulo Rocha (PT), também barrado pela lei da Ficha Limpa. Com isso, quem assumiu o mandato foi a senadora Marinor Brito, com 727 mil votos.
Em março, o STF decidiu que a lei não valeria para as eleições do ano passado. Com isso, os políticos barrados entraram com ações para retomar os cargos.
O recurso pedido por Barbalho demorou a ser votado porque o relator do caso no Supremo, o ministro Joaquim Barbosa, teve licença médica em junho para sofrer uma cirurgia no quadril. O ministro retornou ao trabalho em setembro. O tribunal voltou a analisar um recurso do político hoje, cujo julgamento foi suspenso em novembro. Na ocasião, os ministros ficaram divididos sobre uma questão técnica do processo e decidiram esperar a posse da ministra Rosa Weber, que entrou no lugar de Ellen Gracie, para decidir a questão.
Diante de um empate na sessão de hoje, o plenário do STF autorizou o presidente da Corte, Cezar Peluso, a dar o chamado "voto de qualidade", que desempatou o julgamento em favor de Barbalho.
Antes de assumir o cargo, Barbalho terá de ser diplomado no Tribunal Regional Eleitoral do Pará, que precisa antes receber a comunicação do Supremo.
O advogado do político paraense, José Eduardo Alckmin, espera que Barbalho tome posse ainda este ano. “Resta esperar a publicação do acórdão, que ficou com o ministro Dias Toffoli, e iremos pedir a posse imediatamente”, informou.
A atual senadora Marinor Brito disse que vai recorrer da decisão.
Ficha Limpa
Na votação do início deste ano, o STF definiu, por 6 votos a 5, que a lei Ficha Limpa não valia para as eleições de 2010. Votaram pela validade já nas eleições passadas os seguintes ministros: Cármen Lúcia, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto e Ellen Gracie.
O relator, ministro Gilmar Mendes, comandou a derrubada da validade da lei para a votação de 2010, acompanhado por Fux, Dias Tóffoli, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e o presidente da Corte, Cezar Peluso.
Os ministros analisam agora se a lei vale para as eleições municipais de 2012. O relator, ministro Luiz Fux, já apresentou seu voto favorável pela validade da lei, mas seus colegas pediram vista ao processo, adiando a decisão. Aguarda-se a posse de Rosa Weber para que não haja mais a possibilidade de empate –como aconteceu no primeiro julgamento, antes da posse de Fux.
Caso Sudam
Barbalho passou a ser investigado no caso Sudam após sua renúncia ao mandato de senador, em outubro de 2001. Ele sempre negou envolvimento no caso.
Auditoria na autarquia, realizada em 2001, constatou o desvio de R$ 1,7 bilhão do órgão. José Arthur Guedes Tourinho, que havia sido indicado por Barbalho para o cargo de superintendente da Sudam, foi demitido por suspeita de irregularidades. Nas apurações, a mulher do político, Márcia Zahluth Centeno, também apareceu como suspeita de ter desviado verba liberada pelo órgão.
Mais de 200 inquéritos sobre irregularidades na Sudam foram abertos e conduzidos pela Polícia Federal no Amazonas, no Pará, no Mato Grosso e no Tocantins na época do escândalo.
Com informações da Agência Brasil e da Folha de S.Paulo