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Banco Pérola Pretende Crescer no Tocantins

Data do post: 27/12/2011 18:33:44 - Visualizações: (1069)

Com oferta de microcrédito para jovens de 18 a 35 anos, pertencentes às classes C, D e E, a ONG já possui contratos com a Caixa Econômica Federal e o Bradesco.

         Embora tenha somente 26 anos, Alessandra França já conviveu com muitos amigos e parentes que criaram projetos ambiciosos, mas não conseguiram aprovação de crédito.

        O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que cerca de 40% dos brasileiros não possuem contas bancárias. Foi daí que surgiu a idéia da fundação do Banco Pérola, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), ou seja, embora trabalhe oferecendo crédito, não visa ao lucro.

          O objetivo do Banco Pérola é o desenvolvimento social, dando acesso a crédito a jovens empreendedores, de18 a35 anos, que não conseguiriam empréstimo devido à exigência de condições e de garantias dos bancos tradicionais.

          A empresa deu início a suas operações há dois anos mediante um contrato com a Caixa Econômica Federal, pelo qual obtém crédito e repassa a seus clientes. Neste mês, firmou um acordo com o Bradesco, e com a ampliação das fontes de captação, sua meta é expandir.

         "Estávamos com medo de crescer e não poder atender a demanda. Mas agora já sabemos que dá para expandir", diz Alessandra. Ela pretende ampliar o máximo possível a base de clientes do banco em 2012. Com a operação já andando com as próprias pernas, a empresa está se instalando no Tocantins.

          "O Brasil na verdade são vários ‘Brasis', e queremos testar o modelo tanto no Sudeste, em Sorocaba, quanto em Palmas, que é uma cidade que tem muita carência".

           O principal critério para a escolha da capital do Tocantins foi justamente a iniciativa da representante local, a empreendedora Vanessa Patrus, que ficou sabendo da existência do Banco Pérola por meio de uma reportagem em uma revista feminina, no ano passado.

            Animada com o projeto, entrou em contato com a fundadora, para levar o banco para aquele estado. Com isso, a empresa enfrenta o desafio de se adaptar a uma cultura diferente. "O principal problema é que aqui as pessoas têm um costume de esperar tudo do governo", diz Vanessa.

      O principal custo do Banco Pérola consiste na consultoria realizada junto aos empreendedores que solicitam o microcrédito. Os agentes do banco os visitam uma vez por mês.

      Acompanhando de perto os negócios, além de garantir que o crédito seja empregado da maneira correta, eles minimizam o risco do investimento.

       Alessandra aponta que a falta de mecanismos para analisar o risco é a principal barreira dos bancos tradicionais para conceder microcrédito. "No modelo tradicional dos bancos, esse cliente simplesmente não seria aprovado", diz Alessandra. "Analisar comportamento e caráter não é quesito dos bancos tradicionais".

         Estrutura

        Na condição de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), o Banc o Pérola tem registro no Ministério do Trabalho. Com a expansão dos negócios, o próximo passo é obter o registro de Sociedade de Crédito ao Microempreendedor (SCM) no Banco Central. Com esse status, poderia aumentar o financiamento, e oferecer novos produtos.

       Conforme o projeto ganhou força, além do surgimento de novos parceiros, como Vanessa, Alessandra também passou a receber propostas indecorosas.

         Ela relata que foi abordada por um político local, que ofereceu uma mesada em troca de assumir a diretoria do banco e transformá-lo em captador de votos entre eleitores de classes mais baixas.

         "Educadamente recusei e expliquei que estávamos buscando outros tipos de parceria", diz.

         Outra proposta que Alessandra recusou foi a de turbinar a captação com fontes alternativas, como doações de pessoas religiosas. Além disso, já foi convidada para assumir cargos em instituições financeiras, na área de microcrédito - proposta que considera absurda. "Não é isso o que eu busco, não é o meu sonho. O que me motiva é ver essas pessoas se desenvolvendo."

          A empreendedora se espelhou no Grameen Bank, de Bangladesh, criado em 1983 pelo prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus. Para a realidade brasileira, a fundadora realizou adaptações. "O Grameen Bank é focado em crédito para mulheres. Mas aqui são os jovens a força mais dinâmica."

Fonte: Felipe Peroni/Brasileconomico.com.br 

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