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Clima Continua Tenso em área Indígena que Será Desocupada em Mato Grosso

Data do post: 22/11/2012 19:34:19 - Visualizações: (769)

Maioria dos não índios não recebeu notificação para desocupar a área. Produtores rurais da região estão desesperados com a situação.

Foto da Rede Social      Faixas de protesto foram colocadas no povoado de Posto da Mata, localizado em Alto Boa Vista, distante 1.065 quilômetros de Cuiabá, onde vivem as famílias que precisarão deixar a área reconhecida como território Marãiwatsédé. Desde a última semana os agentes da Justiça Federal deram início às notificações e a população tem 30 dias para deixar a região de forma voluntária.

            Porém, os não índios que moram na região alegam que os proprietários de áreas estão com dúvidas, pois ainda não foram notificados pela Justiça Federal. Deste modo, segundo os produtores rurais, os dias que se seguem, após a decisão judicial, são de incertezas e angústias por parte das famílias que construíram suas histórias de vida na região.    

            Frases de revolta contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) estão espalhadas em cartazes e faixas nos lugares mais movimentados. Além disso, os moradores estão alegando que não há tempo para desinstalar os armazéns em apenas 30 dias. “Para desmontar um armazém e mudar de lugar vai de 60 a 90 dias”, revelou Neivo Spigosco, que é dono de um armazém na região.

Foto do G1            Para o produtor rural Ildefonso de Carvalho, que tem um sítio há mais de duas décadas no local, o destino das famílias se tornou um pesadelo constante. “A gente dorme com pesadelo. Tudo que nós temos está aqui”, contou o produtor muito emocionado com a situação. 

            Apesar da contagem regressiva para saída dos não índios da área, muita gente ainda não foi notificada. Na última sexta-feira (16), moradores viraram uma caminhonete utilizada por agentes federais. O ato ocorreu em sinal de protesto após um morador ser notificado para deixar o local. Ele acabou passando mal na ocasião e precisou ser socorrido pelos colegas. Sem ambulância no povoado, um grupo de moradores decidiu levá-lo para o carro da polícia, para ser encaminhado até Alto Boa Vista. Contudo, o morador não recebeu autorização dos agentes federais e teve que permanecer na residência.

Foto do G1            Revolta

            Por conta da situação, os oficias de justiça que estavam fazendo as notificações voltaram somente no dia seguinte e com ajuda de mais escoltas policiais. No entanto, desde então, não são mais vistos pela região, segundo informações dos moradores. “Não sei qual é minha situação? Estou ouvindo falar que vão tirar a gente daqui. Mas eu não sei se nós vamos sair porque eu não fui notificado ainda”, relatou o morador José Godinho.     

            A produção dos não índios na parte dos 165 mil hectares, que agora será devolvida para os Xavantes, de acordo com os empreendedores da região, movimenta a economia dos municípios de Alto Boa vista e São Felix do Araguaia. Com isso, além de estimular a circulação de dinheiro no mercado, as fazendas e os sítios geram também empregos e renda.

            No entanto, com a decisão judicial, os trabalhadores que dependentes dessa produção estão temerosos em perder a fonte de sustento para suas famílias. “Não temos para onde ir. Por enquanto, tudo que temos são estes empregos. Então, só nos resta ficar aqui”, revelou um trabalhador que não quis se identificar.

Do G1/MT

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