A crise que se abate sobre os serviços públicos que deveriam ser oferecidos pelo município regular e ininterruptamente se agrava a cada dia devido ao atraso no pagamento dos salários de outubro, que até sexta-feira (23), ainda não havia sido feito.
Agora, foi a vez dos Servidores do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu) cruzarem os braços. Eles pararam as atividades desde a última quinta-feira (22).
Ouvido pela imprensa, o servidor José Epaminondas Borges Ferreira informou que os servidores do Samu realizaram reunião sobre a estrutura de trabalho, atraso de salário e demais fatores que vêm prejudicando o funcionalismo público municipal, antes de decidirem pela paralisação.
“Estamos prejudicados pela falta de material, infraestrutura do prédio da Secretaria Municipal de Saúde, medicação e atraso de salários. As ambulâncias estão horríveis, estamos com uma ambulância trabalhando em situação precária, falta combustível e outras coisas estão ainda inviabilizando nosso trabalho”, reclama Epaminondas.
Ele lamentou o fato de que, em breve, o município poderá perder uma ambulância nova, se até o próximo dia 30 o governo municipal não enviar em torno de R$ 37.000,00 para o Ministério da Saúde, a título de contrapartida. O veículo está em Tatuí (SP). “Por R$ 37.000,00 ela vem a Marabá para atender à população. Se você for considerar esse valor para o da ambulância, que custa cerca de R$ 180 mil, é um prejuízo muito grande para a população marabaense”, adverte.
Improviso
Segundo José Epaminondas, a frota do Samu trabalha com duas ambulâncias básicas e uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). No entanto, atualmente há apenas uma ambulância básica adaptada para atender a UTI também.
“O Samu é tripartite, existe uma parceria dos três governos – municipal, estadual e federal. Os governos federal e estadual entram com a parte financeira, dando estrutura para o trabalho; o municipal faz a administração desse dinheiro e mantêm os funcionários, que são concursados. Por meio de convênio, o governo entra com a administração desses funcionários e o governo federal faz a parte de abastecimento”, detalha o servidor.
José Epaminondas revelou ainda que a ambulância, que está atendendo atualmente se encontra com problemas mecânicos: “O disco de embreagem está ‘patinando’, a manutenção está vencida. Já aconteceu de uma [ambulância] ir fazer ocorrência e ter de pedir para reboca-lá”, relatou ele, que desabafou logo em seguida: “No Samu essa verba destinada para as ambulâncias não estão chegando”.
Epaminondas também contou que neste final de mês os funcionários do Samu poderão ficar sem alimentação, tudo isso porque o contrato da empresa que fornece alimentação está vencendo e não será renovado até ser efetuada a quitação da dívida pendente. “Nem sei classificar o que está acontecendo; se é descaso ou irresponsabilidade. Tudo que tem de errado a gente está vendo acontecer. A população sabe por acompanhar de perto", desabafou o servidor.
“É importante que o povo saiba que, com essa situação desagradável que estamos atravessando é praticamente impossível prestar um bom serviço à comunidade. A população está criticando na rua, liga, mas o Samu não atende e há ambulâncias paradas, mas estas estão paradas por falta de manutenção e, além do mais, não temos nem orientação de quando iremos receber”.
Na avaliação de Demerval Bento da Silva, diretor do Sintesp, a questão da saúde há muito tempo já não anda muito bem. “Não tem estrutura física suficiente, nem equipamentos de qualidade para poder ter um bom diagnóstico, cirurgias eletivas estão há muito tempo sem serem realizadas. Por fim, dia 23 os servidores ainda não receberam seus salários, como também vale-transportes, vale-alimentação e o pagamento dos plantões”, reafirmou o sindicalista.
Emilly Coelho com informações de Josseli Carvalho;/CT Online