A marcha Veta, Dilma - contra a mudança na lei dos royalties - reuniu na tarde de hoje (26) 200 mil pessoas no centro do Rio, segundo estimativa divulgada pelo governo do estado.
Desde o início da tarde, milhares de pessoas seguiram pela Avenida Rio Branco, da Igreja da Candelária até a Cinelândia, tradicional local de manifestações políticas da cidade.
Grande parte dos manifestantes estava fantasiada de personagens conhecidos como o cantor Michael Jackson e o papa João Paulo II. Jovens com os rostos pintados de azul e branco, as cores da bandeira do estado, se apresentavam em grupos, muitos vindos de bairros distantes.
Moradora de Campo Grande, na zona oeste, a estudante Mirian Correa Alves, que cursa a sexta série do ensino fundamental, resumiu o motivo de sua participação: “Se perdermos os royalties, todo o estado vai ser prejudicado. Inclusive minha família, que pode ficar sem emprego”. A amiga Maria Caroline Flores, que terminou o ensino médio e agora se prepara para o curso universitário, alegou o mesmo motivo. “O meu pai é metalúrgico, e ele poderá perder o emprego”, disse.
Para a auxiliar de serviços gerais Elizabeth Arantes, que assistia à passeata no horário de folga no trabalho, o problema dos royalties é complexo de entender. Mas, segundo ela, o Rio de Janeiro não pode perder recursos com a mudança. “O petróleo é nosso, é daqui do Rio. E tem outros estados que estão querendo os mesmos direitos. Se o governo do Rio perder, vai deixar de investir em muitas coisas, inclusive no bolso do povo”, declarou.
Mas nem todo mundo que participava da marcha apoiava o veto ao projeto. “Somos contra esta passeata. Os royalties são uma falsa questão. O governo do estado nunca justificou onde eram aplicados os recursos oriundos dos royalties. Temos um déficit habitacional de 12 milhões de moradias no país e 5 mil prédios abandonados só na cidade do Rio”, disse Andre de Paula, advogado da Frente Internacionalista dos Sem Teto, que junto com um pequeno grupo portando faixas e cartazes, fazia seu protesto com a ajuda de um megafone.
A manifestação terminou na Cinelândia, em frente a um palco montado nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo carioca, onde se sucederam políticos e artistas, misturando discursos e músicas, incluindo um inédito rap Veta, Dilma. O Hino Nacional foi interpretado pela cantora Alcione, acompanhado por todos, que logo depois cantaram Cidade Maravilhosa.
A presidenta Dilma tem até o próximo dia 30 para decidir se veta, total ou parcialmente, o Projeto de Lei 2.565/11, que redistribui os royalties do petróleo, que hoje são divididos, em sua maior parte, entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo. Com a mudança na lei, os demais estados e municípios passarão a ter direito na divisão dos recursos oriundos da exploração do petróleo.
Agência Brasil