Fonte próxima às negociações informou que a conclusão do negócio vai respeitar os acordos de acionistas.
A CPFL e a Equatorial estão prestes a fechar a compra do grupo Rede Energia. Segundo apurou a Agência Estado, as duas empresas devem assinar nas próximas semanas o compromisso de compra e venda das ações do grupo pertencentes ao empresário Jorge Queiroz. A expectativa é de que isso ocorra antes do dia 20 de dezembro. "É um compromisso de compra e venda de ações que está condicionado a uma série de fatores", disse uma fonte próxima às negociações. As duas principais condições seriam a aprovação do plano de operação para as oito distribuidoras do grupo pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a reestruturação de toda a dívida do grupo. "A dívida do Rede Energia é muito grande mas há expectativa de que isso será equacionado rapidamente", afirmou a fonte. De acordo com a fonte, a solução para o grupo Rede considerará todas as empresas e todos os agentes envolvidos nesse processo, tais como os credores e os acionistas minoritários, entre eles o FI-FGTS (fundo de investimento que usa recursos do FGTS para investir em infraestrutura) e o BNDES. "Quem está vendendo efetivamente a sua participação é o Jorge Queiroz. Contudo, a conclusão do negócio vai respeitar todas as cláusulas contratuais firmadas e os acordos de acionistas", disse. A fonte explicou que a Equatorial e a CPFL vão negociar com o FI-FGTS e o BNDES com vistas à obtenção de um acordo. "O processo envolve ouvir, conversar e discutir para chegar a um acordo sobre quais são as melhores alternativas para que o FI-FGTS e o BNDES estejam confortáveis." ACORDO PRÉVIO A CPFL e a Equatorial haviam assinado em outubro um memorando de entendimentos para a compra da Rede Energia, dono de nove distribuidoras de energia no País e que atravessa grave crise financeira. Apesar desse acordo prévio, posteriormente Copel e Energisa também anunciaram uma parceria para tentar a compra do grupo Rede. A holding J&F, dos donos do frigorífico JBS, também demonstrou interesse no negócio. Na semana passada, o grupo Rede entrou com pedido de recuperação judicial de suas holdings. A partir do momento em que o juiz aceitar esse pedido, a empresa terá até 60 dias para apresentar o seu plano de recuperação judicial. Uma vez apresentado o plano, haverá mais 120 dias para sua aprovação ou não pelos credores. "O plano de recuperação a ser apresentado já levará em consideração a visão dos compradores do grupo", afirmou a fonte, ressaltando que a CPFL e a Equatorial apostam no seus históricos de respeito aos acionistas como uma maneira de garantir a credibilidade desse plano. A fonte explicou que, neste momento, ainda não há um desenho sobre como ficará o grupo Rede após a conclusão do negócio. Segundo a fonte, o natural é que as empresas busquem aquela configuração que lhes permita extrair a melhor sinergia. "A configuração futura do Grupo Rede será discutida posteriormente", disse.
ENTENDA
As empresas do Grupo Rede Energia, incluída a Companhia de Energia Elétrica do Tocantins (Celtins), estão sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde 31 de agosto deste ano. O plano de recuperação financeira do grupo já foi apresentado à Aneel e está sob análise. No último dia 23, o grupo entrou com pedido de recuperação judicial.
Wellington Bahnemann (AE) São Paulo