Nove movimentos sociais emitiram uma nota conjunta em resposta a matéria postada no site Tocnoticias, assinada pelo professor Eliseu Riscarolli, que criticou o novo curso da UFT local.
Novo Curso no Campus da UFT de Tocantinópolis
Os cursos aprovados pelo campus da UFT de Tocantinópolis é fruto do intenso trabalho do diretor do campus professor Flavio Moreira e da professora Rejane Medeiros que além de professores universitários são militantes em favor dos povos do campo no Estado do Tocantins; portanto um curso pensado e articulado com os Movimentos Sociais do Campo e da Cidade.
Para esclarecimento de todos, em dezembro de 2010 através do decreto nº 7.352 de 04 dezembro de 2010, Dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA e torna a Educação do Campo uma modalidade de ensino, e no art. 1o “A política de educação do campo destina-se à ampliação e qualificação da oferta de educação básica e superior às populações do campo, e será desenvolvida pela União em regime de colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de acordo com as diretrizes e metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação e o disposto neste Decreto”.
Em março de 2012 governo Federal regulamenta o decreto 7.352/2010 e lança o programa Nacional de Educação do Campo – PRONACAMPO, ampliação e qualificação da oferta de educação básica e superior às populações do campo e o edital SESU/SETEC/SECADI Nº 02/2012 – PROCAMPO. Estas conquistas fazem parte de uma luta histórica dos movimentos sociais de todo país. E Não fruto do “ particularismo individualista, a gestão convenceu o MEC e a reitoria a implementar um novo curso”. Se o Diretor Flavio tivesse esse poder de convencimento mereceria galgar postos muito mais altos nesta instituição. O Sr. Eliseu mostra sua extrema falta de conhecimento sobre as lutas sociais neste País em prol do direito a educação para todos/as.
Nós dos Movimentos Sociais do Campo e da Cidade recebemos a notícia da aprovação do curso como uma Conquista dos/as Trabalhadores/as que acreditam que o conhecimento deve ser universal a todos/as. E nós fizemos sim professor parte deste processo, estivemos nos debates da eleição do diretor do campus de Tocantinópolis e o apoiamos; ele tem sistematicamente buscado o diálogo conosco. "Portanto, medíocre e preconceituosa é a sua fala, ao dizer que os povos do campo não devem ter direito de problematizar a sua cultura por meio dos conhecimentos sistematicamente elaborados".
O senhor passou quatro anos na direção e nenhum dos movimentos que assinam este documento o conhece. O que o senhor fez mesmo?. O que ouvíamos falar deste campus durante a sua gestão é que era “a faixa de gaza da UFT”. “Lugar de problemas e conflitos”. “Do Diretor que subia na mesa pra ensinar alunas do Parfor a parir”. “Que era ditador”. “Que chamava todos alunos de analfabetos”; entre outras coisas. Será que alguém sente saudades disso?
Ademais, quanto a estrutura para os novos cursos basta ler o edital que está lá:
a) teremos sim Concurso público para novos professores;
b) teremos concurso para mais técnicos administrativos para o curso;
c) além da construção da estrutura de laboratórios para a prática de artes e música. Reafirmamos que os cursos aprovados pelo campus da UFT de Tocantinópolis é um conquista para as pessoas que vivem no campo sejam elas assentadas, comunidades tradicionais, Pescadores, Quilombos, povos indígenas, acampados; mas também serão estendidos as demais pessoas de toda sociedade que acreditam na cultura, no acesso ao conhecimento para todos/as sejam camponeses/as, agricultor/a familiar, pobres.
Por isso repudiamos a posição do professor Por Eliseu Riscarolli quando ele diz “UFT de Tocantinópolis está com os dias contados, se depender da atual gestão do campus.....”, “quem do campo quer fazer um curso de pedagogia com habilitação em artes”. Como dias contados se a atual gestão está trabalhando para que venham novos cursos? Esclarecemos para o senhor e para toda comunidade que esse é um curso demandado pelos Movimentos Sociais, nós participamos juntos nessa construção e entendemos que aprovação desses cursos para o Campus de Tocantinópolis é algo a se comemorar e parabenizar a esta gestão pela iniciativa, pois:
a) concorreu nacionalmente com universidades renomadas do País (como a Federal Fluminense, Federal do Maranhão , do Piauí, etc.) e venceu o edital;
b) que tem garantido uma abertura da Universidade para os/as trabalhadores/as;
c) Trará para a cidade de Tocantinópolis e região a novos empregos, oportunidades, mais obras/construções e renda para a cidade;
d) além de toda formação cultural tão carente na região.
Para finalizar professor, como tu mesmo disseste que vem trabalhando a dez anos, mas o que o Senhor fizeste para garantir o acesso a universidade dos/as trabalhadores/as na Universidade; lembre que o seu próprio salário é garantido com os impostos que pagamos todos os dias e é hora de ajudar e não de ir na contra mão da história. Repense sua fala, pois como um doutor deveria falar menos bobagens. Aproveite e pesquise mais sobre a educação e verá que os menores índices educacionais estão no campo, portanto, tem demandado políticas de ação afirmativa em todo país.
Palmas, 22 de Janeiro de 2012.
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
Movimento Nacional de Luta por Moradia – MNLM
Cooperativa de Pescadores e Piscicultores do Médio Tocantins – Cooperatins
Escola Família Agrícola de Porto Nacional – EFA
Associação das Escolas Famílias Agrícolas do Centro Oeste – AEFACOT
Federação dos Trabalhadores na Agricultura – FETAET
Via Campesina Tocantins
Associação de Desenvolvimento e Preservação dos Rios Araguaia Tocantins - ADEPRATO