As comportas foram abertas para liberar o volume de água considerado o maior desde que a usina entrou em operação. Fiscais da Enerpeixe percorreram de barco as localidades afetadas às margens do Rio Tocantins para monitorar ribeirinhos.
O dado foi registrado pelo Sistema Digital de Supressão e Controle (SCDS) da Enerpeixe. Foram liberados 8.700 m³de água por segundo, o que corresponde a um nível quatro vezes maior do que os registrados em dias de operação normal. Com o acúmulo alterado de água e considerado desnecessário para a geração, as nove comportas da barragem precisaram ser abertas para liberação desse volume de água em excesso. "Houve uma variação brusca da vazão e nosso reservatório não tem uma capacidade de armazenamento tão grande, por isso, é feita a liberação gradativa das comportas", explica Eduardo Bess Ferraz gerente de operações Enerpeixe.
Na quinta-feira (5), a usina atingiu o nível máximo de armazenamento bruto e o volume de vazão subiu de2.000 m³por segundo para8.700 m³por segundo durante a madrugada, em decorrência da quantidade elevada de chuvas num curto período de tempo, como constatou a análise técnica operacional. Os engenheiros da Enerpeixe acreditam que se não houver uma diminuição das chuvas a vazão do rio pode voltar a subir, o que ofereceria riscos de novas inundações.
O gerente disse que as medidas de seguranças operativas foram tomadas e garantiu que a situação está sob controle. "Comunicamos a Defesa Civil e Cipama em Peixe e Gurupi para que alertassem a população sobre a possível inundação", diz.
Na sexta-feira (6), as comunidades ribeirinhas em Peixe foram monitoradas por fiscais da usina, como assegurou o gerente.
A abertura das comportas provocou aumento no leito do rio, em cerca de nove metros, e destruição de plantações e casas de ribeirinhos. Muitos perderam móveis e eletrodomésticos, além de ficarem desabrigados.
PREJUÍZOS
De acordo com o gerente, a Enerpeixe não ressarcirá as pessoas que tiveram prejuízos com a cheia no Rio Tocantins. "Nós temos um monitoramento contínuo de vazões e sempre que há uma variação mais brusca a empresa comunica essas autoridades competentes para que façam o alerta às comunidades," explica o engenheiro. Ainda de acordo com ele, a comunidade precisa estar alerta sobre situações como a que ocorreu em Peixe.
A maior cheia já registrada no Rio Tocantins pelo Operador Nacional de Sistemas (ONS) foi na década de 1980 com20.000 m³por segundo, o que ocasionou inundação e destruição de casas na parte histórica da cidade de Peixe.
LAJEADO
Questionada sobre os riscos de enchimento do Lago de Lajeado ou danos às comunidades ribeirinhas localizadas abaixo da Usina Luís Eduardo Magalhães, a Investco, empresa responsável pela UHE, informou que a UHE Luís Eduardo Magalhães tem uma configuração de usina a fio d´água, em que praticamente nenhum volume de água é acumulado para a geração de energia. "Ou seja, a água que chega à montante (área do lago) da usina passa diretamente pelas turbinas e o excedente vai direto pelos vertedouros, de forma que a quantidade de água que sai é idêntica a quantidade que chega até a usina," diz a nota.
Quanto ao monitoramento do nível da água, a empresa informa que possui um canal de comunicação direto com a defesa civil das cidades envolvidas para repasse das informações de medição do nível, com o objetivo de antecipar possíveis impactos à população.
Fonte: Debora Ciany/JT