‘Chico Riograndense’ – gestor de São José dos Basílios por dois mandatos (2001 a2004, pelo PP, e2005 a2008, pelo PFL) – foi morto com 5 tiros de pistola calibre 380, disparados pelo ‘garupa’ de uma moto prata, à altura do Povoado Poção, quando o ex-prefeito voltava de carro de uma das fazendas que possuía na região.
Até agora foi apurado que em ao menos 10 assassinatos, ocorridos desde a década de 90, ‘Chico Riograndense’ apareceu como suspeito de ser mandante ou de ter envolvimento com supostos mandantes. A acusação chegou ao JP por meio de militantes de movimentos sociais que atuam na região maranhense dos Cocais.
As vítimas dos homicídios, segundo a denúncia, foram:
‘Zezim Capeta’ (ex-‘prestador de serviços’ de ‘Chico Riograndense’, morto a tiros por dois pistoleiros em 1994; cobrava uma dívida do ex-prefeito;
Rubem (filho de ‘Zezim’, investigava o assassinato do pai; Rubem e um homem que estava com ele foram mortos a tiros);
‘Chiquinho Borges’ (irmão do ex-prefeito Wilson Borges, espalhava em São José dos Basílios não ter medo de ‘Riograndense’; outro homem que estava com Borges numa moto também foi morto; ambos, a pauladas);
Pedro Mendes (também assassinado a pauladas, no Povoado Mucunã, dias depois de discutir com ‘Chico Riograndense’ por causa de um terreno);
‘Júnior do Posto’ (morto com 5 tiros, dias depois de brigar com Maurício, um dos filhos de ‘Riograndense’);
‘Pires’, do município de Dom Pedro (morto a tiros; cobrava um débito de ‘Chico Riograndense’);
Almir (vaqueiro do fazendeiro João Barbosa; teve uma discussão por motivos políticos com Mardem, um dos filhos de ‘Riograndense’, durante a campanha de 2008; logo depois, Almir foi abatido a tiros por pistoleiros, na saída da fazenda de João Barbosa, juntamente com a mulher);
Josemir (morador do Povoado Altamira; trabalhou num posto de combustíveis de ‘Riograndense’, localizado no Povoado Serra do Dico, e, ao ser demitido, levou o ex-patrão à Justiça do Trabalho; foi morto a tiros).
Todos esses casos devem fazer parte da investigação sobre o assassinato de “Chico Riograndense”, que a partir de hoje (9) está a cargo do delegado Edmar Cavalcante, titular da Regional de Presidente Dutra.
Retrato falado – De acordo com a delegada Karla Simone Saraiva, que participou das investigações preliminares, os dois matadores do ex-prefeito terão seus retratos falados confeccionados ainda nesta semana, baseados no depoimento do trabalhador rural Loriel Pereira da Silva, que estava no Fiat Strada conduzido por “Riograndense” quando o veículo foi atacado.
Loriel foi baleado num dos braços, mas sem gravidade. Ele já informou à polícia as principais características físicas dos pistoleiros, que não usavam capacetes. Todos os tiros que acertaram “Chico Riograndense” – quatro na cabeça e um no ombro – foram efetuados com a moto e o carro em movimento, segundo Loriel. Atingido, o ex-prefeito perdeu o controle do carro e saiu da estrada, indo parar num matagal.
A motivação do assassinato – cuja linha principal de investigação da polícia é crime de encomenda, já que nada foi levado da vítima – ainda é desconhecida. O motivo pode ser vingança, pelos assassinatos em que o nome da vítima foi envolvido, ou disputa política, já que ‘Chico Riograndense’ pretendia candidatar-se a prefeito nas eleições deste ano – agora, pelo PDT, partido ao qual se filiou no ano passado.
Natural de Pedreiras (MA), Francisco Ferreira Sousa, o ‘Chico Riograndense’, era considerado uma espécie de ‘coronel’ político de São José dos Basílios. Depois de se eleger por dois mandatos consecutivos, ele conseguiu fazer, em 2008, seu sucessor, João da Cruz Ferreira, o ‘João das Crianças’ (PDT), 49 anos.
O corpo de ‘Chico Riograndense’ foi sepultado na tarde do Domingo (8), no Cemitério São João Batista, em Dom Pedro.
Por Oswaldo Viviani/JP