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Morte

Data do post: 11/01/2012 23:50:25 - Visualizações: (1060)

O que é a vida? O que são os sonhos se a morte está mais perto do que posso imaginar? Hoje perto, e a qualquer hora pode-se está longe por morte minha ou sua. O corpo fica muito diferente quando nele falta á vida. Perde-se a sensualidade, perde-se o brilho.

Por Dynisson Sanches

           As lágrimas, o frio, as lamentações te visitam, as lembranças, os sonhos e ideais se relacionam ao redor de um corpo gelado, e difícil é o convencimento de morte, por mais que as evidências... O caixão, o velório, as gentes ali presentes, os prantos, gritos de dor horrorizantes de quem ficou (é claro)... e pensamentos conturbados, turbulências e homenagens, flores para quem não mais as pode apreciar.

          Cadê teu sorriso, a sua voz não ouço. Não sinto o teu respirar, não pude me despedir, fui surpreendido, nem deu para declarar que te amava muito. Ah, como eu queria te abraçar só mais uma vez e dizer-te coisas que guardei por causa da timidez de expressar meus sentimentos.

          A terra ou fogo espera o que não é mais, senão um cadáver que clama pelo pó, pelas cinzas, e desta, nunca mais retornará. Vi o fim de muitos e refletir: “Sou demasiadamente vulnerável igual a todos. Será que a vida é só aqui nesse plano material?”.

         Tenho calafrios quando percebo que a morte pode está espreitando levar o único fôlego que me resta. Na unidade intensiva de tratamento (UTI)... Invalidez de muitos órgãos e a insistência da esperança que não te deixa partir para o desconhecido, mistério da humanidade. Contemplei o sofrer de um ser nos seus últimos instantes de história. Ele Respirava com ajuda do aparelho de oxigênio, seus parentes na mais bela intenção de ajudar molhavam a boca ressecada do moribundo derramando pequenos goles d´água. Observei aquela matéria humana reagir sofregamente, com gemidos breves, expressivos de dor, os olhos que antes estavam fechados se abriam num arregalar, era como um espirito que tentando desgarrar do corpo entrou em conflito com a matéria.

         Pensar sobre a morte é coisa que se pensa no íntimo e guarda lá para poucas vezes compartilhar com alguém. O excesso de trabalho e distrações me ajudam a tomar distância dessas percepções: Questionamentos sobre a existência, sua brevidade, e de como viver com plenitude, de como considera-la mais preciosa do que todo o dinheiro que se pode ajuntar, do que todo conhecimento que se possa ter e da felicidade que conduz a um viver com excelência pensando na velhice, pensando no legado que ficará após a nossa morte. Tem dias na vida da gente que é como hoje, que acordamos na metade da madrugada e perde-se o sono por imaginar que alguém que amamos está indo embora para nunca mais voltar, para não ser visto nunca mais, onde tudo se desfaz na claridade do adeus.

        Desprovido e desprevenido sempre estou para ela (para a morte). Será que ela vem sem diálogo? Os homens a consideram como a maior punição (remissão) que se pode dar ou receber. E se as pessoas não morressem como seria o conhecimento de cada pessoa e da humanidade (considerando que acumulamos o mesmo na nossa memória cerebral e em máquinas)?

(Escrito em Tocantinópolis no dia 09 de novembro de 2011, ás 03h03min da manhã, em casa).

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