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Marabá é a Segunda Cidade Mais Violenta Para Mulheres no Pará

Data do post: 04/11/2011 12:24:05 - Visualizações: (1422)

Pouco importa se elas são donas de casa, se trabalham fora, se são estudantes, se são mães ou se estão grávidas. Adultas ou jovens, casadas, solteiras, separadas ou divorciadas, são elas, as mulheres paraenses que aparecem entre as primeiras numa triste estatística que coloca o Pará no topo da violência feminina, sobretudo no que diz respeito a homicídios.

Violência contra mulheres no Pará           De acordo com números do Ministério da Saúde, com base no Sistema de Informações sobre a Mortalidade (SIM), a média oficial de crimes contra mulheres no Pará cresceu 256% nos últimos dez anos – pulou de 63 casos em 2000 para 226 em 2010. Enquanto isso, a população feminina do Estado teve incremento de apenas 23% no mesmo período, ou seja, a velocidade de mortes entre as mulheres paraenses é 11 vezes maior que a taxa de incremento populacional. Teoricamente, é 11 vezes mais “fácil” de uma mulher ser morta no Pará do que chegar ao Estado ou nele nascer.

          No ano passado, foram registrados 131 homicídios femininos no interior e 95 na Região Metropolitana de Belém (RMB), o equivalente a uma mulher assassinada a cada 36 horas. Para se ter idéia do crescimento assombroso da violência no Estado, basta-se comparar a situação paraense com a de Alagoas, segundo colocado na lista e que, no mesmo período, cresceu 104% nesse mesmo tipo de violência – menos da metade do pulo do Pará.

           Os próprios números da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) apontam: a violência contra a mulher cresce. Nos primeiros três meses deste ano, foram registradas 46 mortes violentas de mulheres, 30 no interior e 16 na RMB.

          Esta semana, o Instituto Sangari divulga o caderno complementar sobre Homicídios Femininos no Brasil do Mapa da Violência 2011, onde quatro municípios do Pará aparecem entre as trinta regiões brasileiras com a maior incidência de assassinatos femininos, média superior de dez mortes a cada grupo de 100 mil mulheres, considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como epidemia.

          O município de Tailândia, cuja sede fica a282 quilômetrosde Marabá, apontado em 2010 como campeão de casos no Brasil, aparece agora como o 25º do país, e o terceiro do Pará. Lá, que possui 38.308 mulheres, segundo o Censo 2010 do IBGE, a média de homicídios contra mulheres é de 11,9 para cada grupo de 100 mil. Segundo os responsáveis pelo estudo, a diferença se deve à nova metodologia que avalia a proporção de mulheres mortas pela população feminina de cada município.

          No novo levantamento, Tucuruí, cuja sede está a228 quilômetrosde Marabá, é o município mais violento para mulheres no Estado, com média de 13,1 homicídios para cada 100 mil mulheres, o que lhe dá a 17ª posição no ranking nacional. Foram quatro mortes violentas em 2006, outras quatro em 2007 e seis em 2008. Lá, a população feminina é de 48.728 habitantes.

             MARABÁ

          A maior cidade do sudeste paraense e o quarto município mais populoso do Estado, com 233.462 habitantes, é também um dos primeiros quando o assunto é violência. Para as 115.314 pessoas do sexo feminino residentes no município, qualquer movimento suspeito pode ser perigoso.

          Isso porque Marabá é a segunda a figurar no ranking da violência contra a mulher paraense, já que, conforme o Mapa da Violência 2011, entre 2006 e 2008, uma média de 12,1 mulheres foram assassinadas em cada grupo de 100 mil. Em nível de Brasil, numa extensão de 5.564 municípios, Marabá aparece no desonroso 21º lugar – muito perto do topo, uma lástima, mesmo considerando-se os anos de defasagem da pesquisa.

          Em Marabá, assim como em qualquer outro lugar onde a violência faça das mulheres vítimas, morre-se das piores maneiras possíveis. São facadas, tiros, pedradas, pauladas, golpes de foice e de machado ou estrangulamentos que sepultam elas a qualquer tempo. E os autores desses crimes bárbaros muitas vezes são pessoas de quem menos se espera praticá-los (irmão, pai, marido, filho) ou criminosos natos (traficantes, tarados, aliciadores, pistoleiros).

          De acordo com a diretora nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Ane Cruz, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), o governo esforça-se para reverter o crescimento do número de casos, mas, ainda de acordo com ela, a grande barreira é vencer o preconceito que torna a mulher como propriedade do homem. “A violência contra a mulher não é uma mera questão de segurança pública, é muito maior e só pode ser resolvida por meio de políticas estruturantes, na educação, na cultura, no acesso à justiça”, observa Ane.

           “Por mais que invistamos em construção de delegacia, de centro de referência, de abrigo; por mais que implementemos a Lei Maria da Penha, temos de enfrentar uma questão que ainda é muito forte no Brasil, que se chama machismo e o patriarcado”, destaca a porta-voz da SPM.

Fonte: CT On-line e O Liberal

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