Em comum, essas áreas estão no interior do País e são relacionadas à produção de commodities. “O agronegócio, o minério, o petróleo e a logística dessas commodities são os principais indutores dessas regiões de alto potencial”, afirma o supervisor da área de Pesquisa da Deloitte, Giovanni Cordeiro.
A empresa cruzou dados oficiais, como número de aberturas de empresa e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, para identificar as 20 microrregiões de maior potencial de desenvolvimento. Além das nove regiões ligadas diretamente ao agro, há cinco onde o crescimento é puxado pela extração de petróleo, três nas quais a mineração é o principal indutor de crescimento e três em que a logística de commodities é a atividade âncora.
As microrregiões preponderantemente agrícolas identificadas como de maior potencial estão em três áreas distintas. No noroeste do Rio Grande do Sul estão às microrregiões de Santiago, Cruz Alta, Não-Me-Toque e Cerro Largo. Segundo Cordeiro, essas regiões se destacam pelos investimentos em tecnologia associados à produção de grãos para a exportação. “A região tem empresas de máquinas agrícolas e de desenvolvimento de sementes, por exemplo”, cita ele.
No Mato Grosso, as regiões norte e sudeste têm grande potencial de crescimento por conta da chegada relativamente recente de infraestrutura associada à sua grande capacidade agrícola. As microrregiões de Arinos, Alto Teles Pires, Parecis e Primavera do Leste entraram para a lista das 20 Mais da Deloitte. Os principais municípios dessas regiões, como Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sorriso e Primavera do Leste se desenvolveram muito nos últimos 15 anos, e ainda podem crescer mais, segundo a pesquisa.
Por fim, a microrregião de Quirinópolis, no sul de Goiás, é uma grande fronteira de expansão da cana-de-açúcar. Próxima de grandes pólos produtores de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, Quirinópolis e os outros municípios da microrregião receberam novas usinas nos últimos anos, mostrando grande potencial de geração de negócios.
Logística
Além dessas nove microrregiões, o agro tem um importante papel no desempenho de outras três microrregiões identificadas pela Deloitte. Elas estão fortemente relacionadas à logística da produção agropecuária: Paranaguá (PR) e Itajaí (SC) são portos de escoamento das exportações do agro e Porto Franco (MA) será um entroncamento ferroviário com grande potencial agrícola.
O porto paranaense é o segundo maior exportador de grãos, atrás do porto de Santos, e é a principal porta de entrada dos fertilizantes importados para abastecer as lavouras brasileiras. Já a microrregião de Itajaí se beneficia da grande exportação de carnes, que faz do seu porto o líder nacional em exportação frigorificada.
Já a pouco conhecida região de Porto Franco (MA) está com a economia aquecida por ser o ponto de encontro das ferrovias Norte-Sul e Transnordestina, ambas em construção. É nesse ponto do sudoeste do Maranhão, com agricultura em franca expansão, que está sendo construído um grande pátio de manobras para interligar as duas ferrovias. “Há um grande potencial de crescimento agrícola nessa região entre Maranhão, Piauí e Tocantins, e grandes empresas do agro já estão na região de Porto Franco”, diz o supervisor da Deloitte.
A logística, aliás, é citada por ele como um dos grandes desafios para que o potencial de desenvolvimento dessas 20 regiões se concretize. “Esse crescimento pede mão de obra, infraestrutura urbana, estradas, ferrovias; o desafio é crescer de forma ordenada e sem impactar o meio ambiente”, pondera Cordeiro.
Oportunidades
O estudo também mostrou que a produção de commodities está interiorizando o desenvolvimento econômico, o que é positivo para a economia brasileira, segundo Cordeiro. “O bioma da Mata Atlântica concentra quase 70% do PIB e hoje há áreas quase inexploradas com grande potencial”, ressalta. “O Brasil fechou 2011 como a sétima ou sexta maior economia do mundo, então imagine quando esse crescimento atingir também o interior.”
Por isso, fica a dica: quem quer abrir um negócio próprio ou expandir sua atuação profissional pode apostar em uma das 20 microrregiões apontadas no estudo. “A vocação do Brasil está nas commodities e eu investiria meu dinheiro em serviços ligados a essas cadeias ou em parcerias com empresas que já atuam nesses segmentos”, afirma.
Luiz Silveira/beefpoint.com.br