Essa obra, conforme frisou o senador, é essencial para viabilizar a Hidrovia Tocantins/Araguaia e a efetivação da plena função das eclusas de Tucuruí.
“Sem a obra de retirada das rochas do Pedral de São Lourenço, que fica próximo a uma das eclusas, não há navegabilidade para os comboios cuja tonelagem não consegue ultrapassar - no período seco do rio, entre agosto e janeiro - o trecho de 35 quilômetros, quando somente pequenas embarcações podem navegar no local”, afirmou o senador na correspondência dirigida à presidente.
Jader ressaltou ainda que as eclusas de Tucuruí, inauguradas em 2010, após 30 anos de obras e a um custo R$ 1,6 bilhão, estão com sua operação prejudicada, pois as obras complementares para tornar o rio navegável não foram realizadas, o que limita seu calado e, consequentemente, o transporte de carga.
Uma das conseqüências dessa limitação - alertou o senador - é a impossibilidade da implantação da siderúrgica Alpa (Aços Laminados do Pará), que necessita da integral navegabilidade da hidrovia para escoar sua produção.
Destacou o senador que as obras complementares, para tornar o rio navegável, foram incluídas no PAC, mas, além de não terem sido executadas, acabaram retiradas do programa. Jader lembrou, a propósito, que a representação parlamentar do Pará e o governador do Estado reuniram-se, em dezembro de 2011, com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a quem foi exposta a situação. “Entretanto, até esta data o povo do Pará não obteve nenhuma manifestação oficial sobre a reinclusão dessa obra tão importante no PAC”.
Advertiu o senador que tal situação acarreta prejuízos não só para o Estado do Pará e sua população, mas também para o Brasil, que, segundo suas próprias palavras, “está deixando de utilizar adequadamente sua infraestrutura em projeto da maior importância para o desenvolvimento nacional, já que sua repercussão alcança a região Centro-Oeste”.
Ao encerrar a correspondência, Jader classificou o pedido em defesa da hidrovia como um gesto seu no sentido de colaborar com o governo para que seja alcançado “o melhor caminho para a implantação de um Projeto de Desenvolvimento Nacional Inclusivo, com a efetiva participação da Amazônia e particularmente, do Pará, o meu Estado”.
“Esse é um projeto de fundamental importância para o desenvolvimento do Estado e por ele vamos abrir uma campanha”, afirmou o senador Jader Barbalho por telefone ontem à tarde, diretamente de Brasília, ao comentar o ofício dirigido à presidente Dilma em que ele defende a retomada das obras de derrocamento do Pedral de São Lourenço, no rio Tocantins. Acrescentou que este é o seu primeiro trabalho, no retorno ao Senado, e garantiu que vai se dedicar ao assunto “com o máximo de entusiasmo”.
Uma luta que se arrasta há décadas
Para Jader, é questão inegociável para o Estado do Pará fazer voltar ao PAC a obra do Tocantins, como forma de permitir não apenas a operação plena das eclusas de Tucuruí, mas também de viabilizar a Alpa, projetada pela Vale no município de Marabá.
O senador peemedebista destacou que já se arrasta há décadas a luta do povo paraense em defesa da hidrovia do Tocantins/Araguaia. A primeira iniciativa de vulto com esse objetivo, conforme frisou, foi o Prodiat, o Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia/Tocantins, estudo que se realizou entre 1981 e 1984 através de acordo de cooperação técnica entre o governo brasileiro e a Organização dos Estados Americanos (OEA), com financiamento do Banco Mundial. Esse projeto, lembrou Jader, tinha por objetivo integrar social, política e economicamente as regiões Norte e Centro-Oeste.
Anos depois, já no início da década de 1990, ele, Jader, na condição de governador do Pará, propôs ao então presidente Fernando Collor de Mello um projeto que integraria a Bacia do Prata à Foz do Amazonas. “Esta era uma proposta de integração nacional”, afirmou ontem o senador, enfatizando que a idéia integracionista continua mais do que nunca atual. “O que é preciso é sensibilizar o povo brasileiro, fazendo-o entender que esse projeto (da hidrovia) não é um projeto do Pará para os paraenses. Ele é um projeto para o Brasil e uma excelente alternativa para a exportação por via fluvial da produção nacional de grãos”.
Em tom de alerta, Jader reafirmou que, sem o derrocamento do Pedral do Lourenço, a eclusa de Tucuruí torna-se uma obra inócua. E a se manter essa situação, conforme frisou, seguramente acabará também inviabilizada a implantação da Alpa, fechando as portas para a entrada do Pará no ciclo do aço.
Diário do Pará