Com investimento de 4,1 bilhões de reais na parte industrial, a Braxcel Celulose prevê iniciar operações em 2018.
Tocantins não é industrializado, mas conta com a ferrovia Norte-Sul, sob concessão da Vale, que permitirá o escoamento de 1,5 milhão de toneladas do insumo. A empresa, contudo, pedirá licença para uma fábrica de 3 milhões de toneladas anuais, volume que deve ser alcançado por volta de 2023.
Por enquanto, a Braxcel é uma empresa integralmente do Grupo GMR -que atua ainda no setor imobiliário e é um dos sócios da CPFL Renováveis. Está prevista a entrada de um acionista, possivelmente asiático, quando sair a licença prévia do empreendimento, esperada para entre junho e agosto.
O parceiro estrangeiro deverá ficar com cerca de 75 por cento do capital da Braxcel. Minoritário, o Grupo GMR será responsável por todos os ativos florestais necessários.
O Grupo GMR, que teve faturamento consolidado de cerca de 700 milhões de reais em 2011, também é dono da GMR Florestal, que há seis anos possui áreas plantadas de eucalipto na região do município de Peixe (TO).
Atualmente, a empresa tem 100 mil hectares de terra, sendo oito mil plantados, e até 2018 o total de terras próprias e de terceiros deve chegar a 180 mil hectares.
"Isso (o nome do parceiro) ainda está sob sigilo, porque nesse setor a gente aprendeu que é um clube meio fechado", disse à Reuters o diretor financeiro da Braxcel, Claudio Ribeiro, citando uma cláusula de confidencialidade.
Ele afirmou que "está fechado" com a parceira, mas tem até a concessão da licença prévia para exercer a opção de concretizá-la. "Mas também temos um plano B", garantiu, sem dar detalhes.
A fábrica da Braxcel deverá entrar em operação em um momento em que outros grandes grupos do setor terão ampliado suas atividades, como a Suzano Papel e Celulose e, eventualmente, a Fibria.
"A gente tem alguns estudos de mercado que apontam que, se todos os projetos saírem do papel, ocorra uma sobreoferta de celulose entre 2020 e 2023. Mas a gente acredita que vários projetos anunciados ficarão pelo meio do caminho", afirmou Ribeiro.
Para o executivo, a demanda por celulose no importante mercado asiático, mais precisamente o chinês, crescerá por muitos anos. "Se a economia da China continuar crescendo num período de 10, 15 anos numa taxa mínima de 6 por cento ao ano, a gente ainda acredita que vai ter uma fábrica competitiva."
Como projetos "certos", ele aposta na fábrica da Suzano no Maranhão e a Eldorado Celulose, que iniciará operações já no final de 2012.
FINANCIAMENTO
Ribeiro afirmou que a Braxcel já está atuando em parceria com um banco para a definição do financiamento do projeto, mas é possível que a estrutura seja de 60 por cento de capital próprio e 40 por cento de dívida.
"Já temos alguns acordos com alguns bancos de fonte internacional... Esses parceiros têm acesso ao mercado de capitais, e nós estamos viabilizando algumas outras fontes no grupo", disse o executivo.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não foi procurado pela Braxcel, embora existam conversas com bancos de fomento da Ásia. "O BNDES é uma questão um pouco dúbia, porque ele tem através do BNDESPar participação tanto na Fibria quanto na Suzano", comentou.
LOGÍSTICA
O local onde será construída a fábrica da Braxcel, em Peixe, está a cerca de 45 quilômetros da ferrovia Norte-Sul, que atravessa Goiás, Tocantins e Maranhão. A ideia é que seja construído um ramal ferroviário entre a fábrica e a ferrovia.
"A nossa modelagem é 100 por cento modal ferroviário, afirmou o diretor. "Mas nossa localização está beirando o Rio Tocantins... Estamos fazendo alguns estudos para a gente subir pelo rio pelo menos até Açailândia (MA)... Mas não contamos com isso nas nossas premissas."
O escoamento da produção seria por meio do Porto de Itaqui (MA) ou por um terminal privado no mesmo Estado.
Reuters Brasil