Nossa cidade poderá ser bem melhor do que hoje, num resgate junto da condição de um município produtor de conhecimento, através dos novos cursos da UFT.
É mais do que nunca, momento de unirmos forças na construção desse projeto educacional. “sem gambiarras.” Precisamos de uma mobilização regional efetiva e responsável. A nossa juventude precisa se encontrar com o ensino superior gratuito e de qualidade. Com uma UFT que seja um centro de cultura e tecnologias a serem difundidas no tão necessitado Bico do Papagaio. O nosso norte, só será uma região de oportunidades se apostarmos todas as nossas fichas em uma revolução educacional, instrumento indispensável para desbravar os caminhos do desenvolvimento.
Busquei reunir nesse texto algumas informações, levantadas por diversos autores e instituições de pesquisa a cerca das demandas crescentes por profissionais da área de engenharia.
CARENCIA DE ENGENHEIROS NO BRASIL
Países em ritmo acelerado de crescimento optaram pelo desenvolvimento tecnológico via engenharia. Enquanto o Brasil forma em média 32 000 engenheiros por ano, na China são 400 000.
A carência de engenheiros no Brasil não é fato novo. Porém, tornou-se mais evidente a partir do boom da construção civil no Brasil. Dados da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que entre 2008 e 2009 o número de autorizações concedidas a engenheiros estrangeiros saltou 27%, de 2 712 para 3 542. O número de pedidos de registro de estrangeiros triplicou em 2010, segundo o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea).
Em janeiro deste 2010, o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem informando que vários engenheiros e até arquitetos estrangeiros estão na fila por uma oportunidade de emprego no país. De acordo com a matéria, não são apenas espanhóis e portugueses que querem uma vaga no mercado de trabalho brasileiro, mas norte-americanos, italianos e ingleses, além dos vizinhos chilenos e argentinos. A explicação é a falta de mão de obra qualificada no Brasil e o excesso de profissionais sem emprego nos países ricos devido à crise econômica. Governos e entidades de classe do exterior têm contatado empresários e associações de engenheiros e arquitetos nacionais para oferecer trabalhadores. Em alguns casos, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) faz a intermediação de alguns encontros.
Segundo sondagem realizada pela Unidade de Pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com 375 empresas do setor, 68,4% dos empresários da construção civil brasileira apontam a dificuldade em contratar empregados aptos a trabalhar em obras como um dos três maiores entraves da atividade. Nas empresas de grande porte, o problema é ainda mais crítico. Dentre as grandes construtoras consultadas 85,4% apontaram a falta de trabalhadores qualificados como um de seus principais problemas. Entre as pequenas 61,5% dos empresários ouvidos reclamaram da falta de mão de obra qualificada.
O gerente executivo da unidade, Renato da Fonseca, afirma que a escassez de mão de obra é causada pelo crescimento acelerado do setor da construção combinado com a pequena capacidade de formação de profissionais para a atividade. Para ele, os dados preocupam porque as dificuldades para contratação podem impactar nos custos da construção e comprometer resultados do setor. “Isso pode reduzir a velocidade do crescimento”, argumenta o executivo da CNI.
Conforme informação do Conselho Federal de Engenharia, Agronomia e Arquitetura (Confea), o Brasil conta com cerca de 712 400 engenheiros registrados. Outro estudo realizado pela CNI estima que o Brasil precisaria formar 60 000 profissionais de engenharia por ano para atender à demanda existente. Hoje, porém, são formados em torno de 32 000 engenheiros anualmente em todo o país.
Em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, o diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), José Roberto Cardoso, declara que se o Brasil continuar formando em média 32 000 engenheiros anualmente precisará de oito anos para atender à demanda de profissionais para as anunciadas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, para cada US$ 1 milhão investido no país surge a necessidade de gerar uma vaga de engenheiro. “Só para as obras do PAC estão previstos 250 bilhões de dólares em investimentos, o que cria uma demanda de 250 000 engenheiros”, calcula José Roberto.
De acordo com Marcos Formiga, assessor especial do Departamento Nacional do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e coordenador do Inova Engenharia – programa da CNI/SENAI –, se forem considerados as descobertas das reservas de petróleo e gás do pré-sal e os preparativos para o país sediar a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em2016, a situação ainda é mais preocupante. “Faltam até candidatos a engenheiros. A relação candidato X vaga média no Brasil é de dois para um no Brasil”, observa. Formiga lembra que todos os países que estão em ritmo acelerado de crescimento no cenário internacional optaram pelo desenvolvimento tecnológico via engenharia.
Enquanto no Brasil apenas 32 000 obtêm o diploma de engenheiro a cada ano, na China são formados 400 000 profissionais no período. Nosso país fica atrás também de outras nações emergentes como Índia (250 000 engenheiros/ano), Rússia (100 000/ano) e Coreia do Sul (80 000/ano), a qual, depois de promover uma reforma educacional no país, obteve resultados em pouco mais de 20 anos. Em termos percentuais, de cem alunos que ingressam nos cursos de graduação do Brasil, somente 5% optam por alguma modalidade de engenharia. Na China, a participação do segmento é 35,6%. Na Coreia do Sul, a proporção é 25%.
Para Marcos Formiga, é preciso encontrar urgentemente formas de estimular os egressos do nível médio a optarem por cursos de engenharia, já que a perspectiva favorável de vagas no mercado de trabalho e a melhoria dos patamares salariais não têm sido suficientes. Uma das saídas, segundo ele, pode ser a modernização do ensino. “Poderia ser de três anos de graduação com mais um ano e meio de mestrado técnico, como é na Europa”, exemplifica.
O último levantamento salarial da Catho Online, com base no mês de outubro de 2010, mostra que oito áreas de engenharia estão entre as dez profissões com maior aumento salarial no ano. Engenharia geológica e cartográfica lidera os aumentos com 17,6%, seguida de mecatrônica (14,5%) e de civil, qualidade, de obras, naval, minas e meio ambiente, todas com mais de 11% de aumento salarial.
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, se a economia apresentar um crescimento médio de 3,5% ao ano, o estoque de profissionais não será suficiente para atender à demanda por engenheiros em 2015. Segundo a CNI, até 2012 já faltarão cerca de 150 000 engenheiros para preencher as vagas que estão surgindo. A maior demanda será por engenheiros na área de energia. Esse engenheiro lida com todas as formas de energia que compõem a matriz energética brasileira – seja ela renovável, como hídrica, solar, eólica ou de biomassa, seja não renovável, obtida de petróleo, carvão, gás natural ou material radioativo, como o urânio (usado em usinas nucleares). Faltarão também engenheiros para as áreas de transporte (terrestre, marítimo e aéreo), óleo e gás, construção pesada, produção industrial e sistemas de informação.
A falta de engenheiros no mercado brasileiro afeta o setor de inovação no país, de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que avaliou dados da formação de engenheiros no Brasil. O Censo da Educação Superior de 1999 mostra que 5,9% dos formandos eram engenheiros. Em 2008, esse número caiu para 5%. O Brasil ocupa o último lugar em número de engenheiros em relação à população, segundo estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com 35 países.
Exemplo de iniciativa:
A Unesp (Universidade Estadual Paulista) aprovou a criação de onze novos cursos na área de engenharia em nove cidades. Também será criado um novo campus em São João da Boa Vista. Com as medidas, a universidade pretende ter, ao final de cinco anos, mais 2.200 novos alunos em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Segundo nota da Unesp, "o projeto pedagógico, o nome definitivo dos cursos e os custos de cada um ainda serão discutidos nas diversas instâncias pedagógicas e administrativas da Universidade. Eles serão implementados, de maneira escalonada, em 2012, 2013 e 2014".
O campus de São João da Boa Vista oferecerá os cursos de engenharia eletrotécnica e engenharia de materiais, com 80 vagas no total.
Prof. Lamarck Rodrigues Pimentel Marinho