Uma onda de assalto a agências bancárias causa temor no interior do Estado. Não é por menos, pois este tipo de crime vem crescendo no Tocantins. Conforme levantamento, baseado em reportagens publicadas no primeiro trimestre de 2011 e de janeiro até ontem, houve um aumento de 166% nos crimes contra agências bancárias. É possível afirmar ainda que nestes primeiros três meses de 2012 houve ao menos um assalto a cada 11 dias. O alvo preferido dos ladrões, sempre muito bem armados, tem sido as agências do Banco do Brasil.
No primeiro trimestre deste ano foram oito assaltos dentre agências e terminais de auto atendimento, desses, cinco ocorreram nas regiões Sul e Sudeste do Estado. No ano passado, a margem de assaltos obedeceu a um intervalo maior, foram três casos, ou seja, um a cada 22,34 dias.
A Polícia Civil afirma que vem fazendo um trabalho paralelo de cerco aos suspeitos das ações mais recentes, investigações pelos setores de inteligência e que as apurações estão próximas de um desfecho. A prisão, na última quarta-feira, em Palmas, de um acusado de assaltar o Banco Central de Fortaleza (CE), Rubens Ramalho de Araújo, mais conhecido como Rubão, mudou o rumo das investigações. Até agora, a polícia sabe que o armamento pesado usado nos roubos é semelhante, o que abre precedente para suspeitar que seja ação de uma quadrilha especializada nesse tipo de crime.
"Ele é chefe de quadrilha, com acusação de assaltos inclusive a carro forte, e com isso fizemos a prisão e recambiamento urgente para Minhas Gerais", disse o diretor de Polícia do Interior, José Rerisson Macedo Gomes. Rubão vinha sendo procurado pela polícia em todo País e tinha contra si 19 mandados de prisão. Ainda conforme Gomes, outro trabalho de investigação em parceria com delegados do Estado do Pará resultou na prisão de Paulo Cicatriz. Ele é acusado de orquestrar assaltos a bancos no Tocantins em 2011. Transferido para Palmas, o suspeito deve ser interrogado, o que pode ajudar a esclarecer quem está por trás dos recentes assaltos a banco no Tocantins, acredita a polícia.
Operação
Mais de 40 policiais civis ligados à Divisão de Repressão a Seqüestros, Furtos e Roubos a Bancos de Palmas, Grupo de Operações Táticas (Gote), e da Delegacia Especializada em Investigações Criminais Complexas (Deic) estão em diligências pela região Sudeste do Estado. Sob o comando da delegada Liliane Albuquerque Amorim, os agentes trabalham para identificar e prender os suspeitos dos assaltos na região. "Sabemos que os carros e os explosivos usados nos assaltos em Fátima e Taguatinga têm a mesma característica, o que leva crer que se trate da mesma quadrilha", disse Gomes.
Outro indício para a atuação de uma quadrilha, segundo o diretor de Polícia, é de que os resultados de exames balísticos feitos em projéteis mostram que em todos os assaltos de 2011 as armas eram a mesmas. "A conclusão demanda tempo, em virtude da necessidade do trabalho pericial que requer certa demora para o levantamento de elementos de prova", pondera.
No total, mais de cem policiais do Estado apoiados por polícias da Bahia e de Goiás estão empenhados nas buscas e cerco aos criminosos. Até patrulhas aéreas, com auxílio de um helicóptero, estão sendo empregadas na tentativa de efetuar as prisões, mas nenhum dos envolvidos nos crimes da última semana chegou a ser localizado até ontem.
Tensão
O atendimento a correntistas nas duas agências do Banco do Brasil em Gurupi, no Sul do Estado, deve ser normalizado amanhã. A recente onda de assaltos a bancos no Tocantins, que tem como alvo principal a instituição, vem provocando medo e diante da ameaça de um possível assalto, na última quinta-feira, a gerência optou por fechar as portas e pedir reforço à Polícia Militar (PM). Somente na última semana os bandidos passaram por Fátima, Taguatinga e Lagoa da Confusão. Em duas dessas ações, os criminosos levaram cerca de R$ 200 mil, conforme cálculo parcial da Polícia Civil. Para limpar caixas e cofres, os bandidos intimidam ao chegar às agências em pleno horário de expediente, atirando com armas de grosso calibre, como rifles, fuzis e pistolas.
Para mostrar seu poder de atuação, os ladrões agem sempre em grupos compostos por cerca de dez homens encapuzados e transportados em veículos de luxo e até caminhonetes blindadas. Outra característica é a violência e a ousadia com que agem. Destroem as agências com o uso de explosivos, fazem reféns guardas particulares e gerentes de banco, além de deixar feridos.
Ações em 2012
Débora Ciany/JT