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Indígenas do Tocantins Enfrentam Desafios Para Concluir Cursos

Data do post: 01/04/2012 10:38:13 - Visualizações: (1114)

Adaptação a uma nova língua, dificuldades financeiras e até discriminação são empecilhos enfrentados na faculdade.

           Passar no vestibular é o sonho da maioria dos estudantes brasileiros. Negros, brancos, pardos ou indígenas. Não importa a raça, todos querem uma vaga, em especial, quando a instituição de ensino é federal. No entanto, o desafio não é somente, adentrar no tão sonhado curso, como também, permanecer até a conclusão e receber o diploma de graduação. As dificuldades são muitas, desde problemas financeiros, discriminação até a diversidade cultural.

          No Estado, a Universidade Federal do Tocantins (UFT), que implantou o Sistema de Cotas Indígenas no ano de 2005, abriga hoje 72 alunos indígenas matriculados.

         O estudante do curso de Direito e vice-presidente da União Estadual dos Estudantes Indígenas (Uneit), Amaré Gonçalves Krahô-Kanela, de 24 anos, destaca que a maioria dos alunos indígenas abandonam a universidade por não conseguirem se manter. Segundo ele, a Universidade Federal do Tocantins (UFT) oferece somente uma bolsa no valor de R$ 381,00. "No final do mês, o aluno não tem mais o que comer, além de não poder pagar a passagem de ônibus", conta.

           Segundo o estudante, o aluno que recebe a bolsa não pode ter nenhum vínculo empregatício, dificultando ainda mais a situação, já que as famílias dos estudantes residem nas aldeias e não possuem recursos financeiros para manter os filhos em outra cidade.

           Nos últimos dois semestres, somente dois alunos se formaram, sendo um pelo curso de Medicina Veterinária, no campus de Araguaína, e o outro em Ciências Contábeis, no campus de Palmas. Medicina é o curso que possui o maior número de   indígenas, sendo dez acadêmicos. O segundo curso que mais recebe alunos é o de Medicina Veterinária com cinco alunos. Sobre a evasão, os números da UFT informam que três estudantes tiveram a matrícula cancelada, um desistiu e o outro foi desvinculado, o que contabiliza quatro pessoas nesse período. A UFT não soube precisar quantos colaram grau desde a implantação do sistema.

             Programas

          A pró-reitora de Extensão (Proex), Marluce Zacariote, destaca que a UFT busca oferecer o direito ao acesso e permanência pela integração das pró- reitorias da instituição que viabiliza bolsa e monitoria, além de um espaço para convivência entre os alunos indígenas. No entanto, Marluce adverte que a universidade sozinha não consegue e para isso precisa das prefeituras locais e do governo do Estado.

         O pró-reitor de graduação (Prograd) da UFT, José Manoel Miranda de Oliveira, explica que o sistema de cotas oferece 5% das vagas de cada curso da instituição ao indígena. Ou seja, em cada vestibular duas vagas são disponibilizadas para o sistema de cotas. "Os indígenas concorrem entre eles mesmos", esclarece. Sobre o rendimento escolar do aluno indígena, o pró-reitor aponta que existe uma demora maior desse aluno em concluir o curso. O aspecto, segundo ele, é referente à dificuldade na adaptação em decorrência dos aspectos culturais. "Geralmente, o acadêmico indígena, em especial, o que vem da aldeia, demora cerca de dois semestres para adaptação", pontua.

         Outro ponto destacado é em relação à questão lingüística. "Alguns alunos devido à língua materna têm dificuldades na escrita e na própria fala." Para tentar solucionar a questão, a universidade oferece o Programa Institucional de Monitoria Indígena (Pimi) que busca auxiliar o aluno no decorrer do curso com monitorias relacionadas às disciplinas da grade curricular de cada curso, acrescenta.

            O que diz a lei

         A Lei 12.416/2011 determina que as Instituições de Ensino Superior do País, públicas e privadas, devem garantir algumas condições de ingresso, permanência e pesquisa. Outro aspecto que a lei determina é traçar um perfil de egresso, que seria mais adequado se fosse voltado ao atendimento às comunidades e aos povos indígenas, visando sua autonomia e sustentabilidade.

Wallissia Albuquerque/JT

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