Ele obtinha dados em delegacias e entrava em contato com as vítimas. Delegado já identificou 5 vítimas que perderam até R$ 4 mil com o golpe.
A Polícia Civil de Goiás apresentou nesta quarta-feira (30), em Goiânia, um detento suspeito de aplicar golpes, por meio de ligações e mensagens de celular, de dentro da Penitenciária Odenir Guimarães, em Aparecida de Goiânia. Segundo o delegado Fábio Meirelles, responsável pelo caso, ele entrava em contato com vítimas de roubo de carro, se passando pelo ladrão, e pedia dinheiro, prometendo devolver os veículos para os donos.
O detento, conforme a polícia, é Fernando Ribeiro de Souza, de 45 anos, condenado a 47 anos pelos crimes de estelionato, roubo de carga e roubo a banco. O delegado explicou que ele agia de dentro da cadeia, de onde recebia informações sobre carros que haviam sido roubados. Ele, então, ligava nas delegacias se passando por um policial e conseguia os dados detalhados de cada veículo e o contato dos proprietários.
A investigação já identificou cinco vítimas que caíram no golpe em Goiás. Segundo o delegado, cada uma delas teria depositado de entre R$ 2 mil e R$ 4 mil reais nas contas de laranjas utilizadas por Fernando.
Com o suspeito, a polícia apreendeu um aparelho celular onde constavam os registros de ligações e mensagens e dois cadernos. Um deles tinha dados sobre roubos de carros, com informações do veículo e da vítima. O segundo caderno funcionava com uma agenda telefônica onde ele catalogava diversas delegacias de polícia.
"É impressionante a lábia ao convencer a vítima e a capacidade de organização que ele tinha, pra conseguir tanta informação", comentou o delegado.
O investigador acredita que ele tenha feito vítimas em outros estados e disse que outras investigações estão sendo feitas para apurar bem o caso e responsabilizar mais envolvidos.
Em nota, a Superintendência Executiva de Administração Penitenciária, que administra o presídio em que Fernando está preso, comunicou que ele "será submetido às medidas disciplinares previstas na Lei de Execução Penal e a falta cometida por ele será comunicada à Justiça. Haverá também a instauração de sindicância para apurar as responsabilidades administrativas referentes ao fato".
Segundo o delegado Fábio Meirelles, o detento será indiciado pelo crime de extorsão, que pode somar mais 10 anos à sua pena.