Garoto de três anos de idade foi encontrado morto em um brinquedo pula-pula desinflado, na manhã deste ultimo domingo (1º), no distrito de Barra de Sirinhaém, em Sirinhaém, na Zona da Mata Sul de Pernambuco.
Segundo informações registradas pelo 10º Batalhão da Polícia Militar, a mãe da criança colocou-a para brincar à noite. Vizinhos relataram que ela teria perdido o filho de vista e que os parentes procuraram, sem sucesso, o garoto durante a noite e a madrugada. Ainda não está claro se a criança foi retirada do brinquedo e depois voltou sozinha ou se permaneceu lá.
Aline Nascimento Silva, de 25 anos, prima do menino, foi quem encontrou o corpo, por volta das 9h deste domingo. “De manhã, vizinhos disseram que tinham encontrado uma sandália perto da barraca do pula-pula. Foi quando eu e uma colega fomos à casa da dona do brinquedo para perguntar se ela havia visto o menino”, explica Aline.
“O pula-pula estava no mesmo local, só que murcho e enrolado em uma lona. Quando levantamos, ele estava lá, deitado de barriga para baixo. Ele já tinha tentado tirar um braço da camisa e o dedinho estava na boca. Me desesperei”, contou a prima do menino.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser chamado, mas Paulo Henrique já estava morto. O corpo foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. O caso foi registrado na Delegacia de Sirinhaém, onde o delegado titular, Carlos Alberto Veloso, afirmou na tarde desta terça-feira (3) que a principal suspeita no é a mãe dele, a dona de casa Patrícia da Silva. A mãe da criança se defendeu e afirmou não ter responsabilidade pela morte, mas reconheceu que deixou o menino sozinho.
"Eu o levei para o pula-pula e fui caçar latinha. Eu não sou o que o povo pensa. Ele estava comigo na rua, no pula-pula. Depois eu fui olhar ele, não vi mais. Fui lá na casa da mulher [a dona do brinquedo inflável], chamei, chamei e ela disse que não tinha visto o menino. Não fui eu quem fez isso. Eu quero Justiça. Eu não sou um monstro", disse a mãe, na saída da Delegacia.
O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a causa da morte de Paulo Henrique Ferreira foi uma pancada na cabeça, não asfixia como a família afirmou inicialmente. "Pelas principais contradições que temos aqui, a mãe é a principal suspeita e vai continuar sendo até que se prove o contrário", explicou o delegado. Ele disse não acreditar que o garoto tenha morrido dentro do brinquedo.
Para Veloso, a mãe deixou o filho sozinho enquanto bebia e a família está tentando encobertar o que poderia ter ocorrido. "As contradições são muitas. A mãe nega que estivesse bebendo, disse que estava catando latinha. Na verdade, ela estava bebendo, estava em um bar e por duas vezes outra criança, de dez anos de idade, o levou até ela", detalhou.
A dona do brinquedo inflável, Maria Nazaré Bezerra, de 50 anos, e parentes da criança foram ouvidos pela manhã. Nos interrogatórios foi possível descobrir que o pula-pula era pequeno, um quadrado inflável de 4 x 4 metros que é desinflado no final do dia e coberto por uma lona grossa. “Ninguém vai sofrer um traumatismo craniano dentro de um brinquedo de plástico, de borracha”, pondera Carlos Veloso.
O delegado quer agora entender como a criança morreu de fato. "Que causas levaram a matar uma criança? Mesmo que fosse na rua, ninguém ia aceitar que em alguém batendo numa criança assim. Isso deve ter ocorrido dentro de casa", afirmou.
Pela manhã, o delegado tinha lamentado o fato de o brinquedo ter sido queimado durante um protesto da população, depois que o corpo foi encontrado. Segundo ele, com a destruição do brinquedo foram eliminadas possíveis impressões digitais ou evidências que ajudariam no esclarecimento dos fatos.
O corpo de Paulo Henrique foi enterrado na tarde de segunda (2), no Cemitério de Barra de Sirinhaém. O Instituto de Criminalística (IC) informou que a perícia já foi feita e o resultado deve sair em dez dias.