Só em Palmas, a taxa de assassinatos cresceu 1.100% em dez anos. O número de mulheres negras assassinadas também aumentou 19,5%.
Todos os dias milhares de mulheres morrem vítimas da violência e do preconceito. Os dados do Mapa da Violência contra as Mulheres de 2015, divulgado nesta segunda-feira (9), mostram que no Tocantins o número de feminicídios subiu 81,8 %. Só em Palmas, a taxa de assassinatos cresceu 1.100% de 2003 a 2013.
Segundo a representante do Coletivo de Mulheres, da Universidade Federal do Tocantins, Lauane dos Santos, esse tipo de crime é triste e infelizmente faz parte do cotidiano das mulheres não apenas do estado.
"O principal motivo dessas mortes é o simples fato de serem mulheres. Isso é a primeira coisa que as pessoas precisam entender. Vivemos em uma sociedade totalmente patriarcal e ainda pior, racista, onde os homens enxergam as mulheres como escravas. É muito triste ver esses números e perceber que quanto mais as pessoas dizem que o feminismo é o 'mal da sociedade', mais e mais feminicídios acontecem todos os dias por causa do patriarcado", ressalta.
Segundo dados, a capital está entre uma das cidades mais violentas do Brasil. O documento mostra também, a diferença entre os crimes cometidos contra as mulheres negras e brancas em todo o país.
As taxas de homicídios contra a mulher branca caíram de 3,6 para 3,2 em cada 100 mil mulheres de 2003 a 2013. O que representa uma queda de 11,9%. Os dados são ainda mais alarmantes quando se trata de mulheres negras. O aumento foi de 4,5 para 5,4 em cada 100 mil, representando um crescimento de 19,5% no mesmo período. De acordo com os dados, dos 2.672 atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), feitos no Tocantins em decorrência violência, 1.931 foram mulheres representando cerca de 151,2%.
No estado 59 mulheres brancas e 266 mulheres negras foram assassinadas em 10 anos. Lauane explica ainda, que as mulheres precisam se conscientizar sobre os relacionamentos abusivos e violência sexual e doméstica.
"No Tocantins, tentamos combater isso todos os dias. As taxas aumentaram quase 82%, isso é retroceder na luta. Além de campanhas, precisamos rever quais os conceitos impostos pela sociedade e para a sociedade e assim buscar maneiras de chegar mais perto dessas mulheres. Precisamos nos proteger, cuidar de nossas mulheres", explica.