Ana Clara, 6 anos, não resistiu após ter 95% do corpo queimado. Ela estava com a mãe e a irmã em ônibus incendiado por homens armados.
O corpo de Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, que morreu após ter 95% do corpo queimado em ataque a um ônibus em São Luís, foi enterrado na manhã desta terça-feira (7), no Cemitério Jardim da Paz, na Estrada de Ribamar. A menina estava com a mãe Juliane Carvalho Santos, 22, e a irmã, Lorrane Beatriz Santos, de 1 ano e 5 meses, em um dos ônibus incendiados por homens armados na sexta-feira (3), na capital maranhense.
A mãe de Ana Clara teve 40% do corpo queimado no ataque e continua internada em estado grave na Unidade Intermediária de Terapia Intensiva do Hospital Tarquínio Lopes. Apesar de estar consciente, Juliane ainda não sabe da morte da filha. A família explica que tomou a decisão após orientação médica, já que o estado de Juliane é grave e ela sofre de depressão.
Já a irmã da menina teve 20% do corpo queimado, com ferimentos nas pernas e no braço esquerdo. Ela está fora de perigo e encontra-se em leito de isolamento da enfermaria pediátrica do Hospital Juvêncio Matos.
Segundo o médico Cláudio Araújo, a causa da morte de Ana Clara foi insuficiência renal e choque hipotensivo, refratário a drogas e líquidos. "O tecido não respondia. A droga não chegava a esses tecidos, dificultando o tratamento. Isso devido à gravidade, ao grau de lesão do acidente", explicou.
O bisavô paterno de Ana Clara, Dasico Rodrigues da Silva, 81 anos, teve um infarto e faleceu no domingo (5) ao saber do estado de saúde da neta, que era crítico naquele momento. Ele morreu em casa, na Santa Cruz, em São Luís.
Passageiro que tentou salvar Ana Clara continua em estado grave
O entregador de frango Márcio Ronny da Cruz Nunes, 37anos, que teria tirado Ana Clara do ônibus em chamas, está em estado grave no Hospital Tarquínio Lopes com mais de 70% do corpo queimado, segundo o médico Luís Alfredo Soares.
Segundo familiares da menina, a mãe conta que não encontrou a filha de 6 anos no meio do fogo e só conseguiu descer com a outra filha, Lorrane, nos braços. De fora do ônibus, ela teria visto Márcio resgatar Ana Clara e se abraçar com ela para tentar apagar o fogo do corpo da criança.
"Eles entraram no ônibus e jogaram gasolina nas crianças que estavam próximas deles e atearam fogo. E, no momento daquele desespero, ele não pensou em sair, ele só pensou em ajudar", contou Maria da Conceição Nunes, parente de Márcio.
Também continua internada, mas fora de perigo, a operadora de caixa Abiancy Silva dos Santos, 35 anos, com queimaduras no braço direito e no abdômen.