'Aqui a coisa é feia', disse um dos funcionários que trabalha na fazenda. Condições contrastam com a estrutura da empresa agropecuária, diz PRF.
Foram resgatados na ultima sexta-feira (17), em uma fazenda de Lagoa da Confusão, a 232 km de Palmas, 46 trabalhadores rurais que viviam em condições sub-humanas. Equipes do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que realizam uma operação de combate ao trabalho escravo, começaram a vistoria na propriedade rural por volta das 10h e finalizaram os trabalhos às 21h.
Segundo a PRF os trabalhadores eram responsáveis por catar pedras, tocos e raízes para limpar a área de plantio. Uma casa de cerca de 70 m² abrigava 28 deles. A maioria saiu da cidade de Colméia, no noroeste do Tocantins, para receber uma diária de R$ 50. "Todos estavam sem a carteira de trabalho assinada e também ausência de alguns equipamentos de segurança obrigatório" relatou a PRF.
Conforme as informações, no local existem dois banheiros que não funcionam e não tem chuveiros. "Não havia mesas nem cadeiras para eles comerem as refeições. As necessidades fisiológicas eram feitas no mato", explicou a PRF. Para tomar banho os trabalhadores utilizavam o cano de um banheiro, mas a maioria usava o córrego que passa na frente da casa. "Aqui a coisa é feia. É do jeito que vocês estão vendo aí", disse um dos funcionários.
"O que mais chamou atenção do grupo de trabalho que compõe a força tarefa, foi o contraste entre a estrutura da empresa agropecuária, a sua capacidade produtiva e o descaso com os seres humanos que ali trabalhavam", destaca um comunicado da PRF sobre a operação.
Segundo o MPT, a área da fazenda é de aproximandamente 14 mil hectares. O porte e estrutura da propriedade rural não condiz com a realidade dos trabalhadores que estavam ali há cerca de três meses. "Não atendia as condições mínimas de respeito ao ser humano, ao trabalhador prevista na legislação trabalhista", declarou o órgão sobre a estrutura onde os funcionários viviam.
Conforme a PRF, no final da fiscalização o proprietário rural providenciou um hotel na cidade de Cristalândia, a 30 km da fazenda e dois ônibus para o transporte dos trabalhadores. Eles permanecerão no hotel até que as dívidas trabalhistas sejam quitadas.