Duzentas contas foram usadas para camuflar o desvio de R$ 73 milhões da fraude da Mega-Sena que aconteceu na agência da caixa econômica federal de Tocantinópolis.
A Polícia Federal começou ontem a segunda fase de investigações para identificar outros participantes do esquema — duas pessoas já estão presas, Robson Pereira do Nascimento, ex-gerente da Caixa Econômica Federal em Tocantinópolis (TO), e o suplente de deputado federal Ernesto Vieira Carvalho Neto (PMDB-MA).
Do total de R$ 73 milhões, cerca de 70% já foram recuperados. De acordo com a Polícia Federal, estão sendo investigados os desvio de R$ 4,5 milhões enviados para contas no Ceará e R$ 750 mil depositados em bancos na Bahia.
A polícia se surpreendeu com a simplicidade do golpe. A fraude teria se limitado à abertura de uma conta em nome de um correntista fictício e à liberação do pagamento de R$ 73 milhões por um bilhete premiado também inexistente. Dias depois do golpe, que aconteceu em 5 de dezembro, um dos suspeitos foi a uma concessionária em Goiânia e comprou seis Corollas e uma caminhonete Hillux.
Carvalho Neto está preso na Casa de Detenção Provisória de Araguaína (TO). A polícia suspeita que ele recebeu pelo menos R$ 13 milhões de todo o montante desviado. Entre os bens apreendidos na Operação Eskhara (referência à escara, ferida que não cura), está um avião Minuano, que seria dele.
Outras três pessoas envolvidas no esquema tiveram prisão preventiva decretada e são consideradas foragidas. Uma delas recebeu parte do dinheiro. Outra estava com o suplente no dia da abertura da conta e a terceira é um corretor, que diz ter recebido R$ 150 mil como comissão na venda de uma fazenda.