Eles estão acampados em frente ao CRR desde a última sexta,(7). Índio Tekré é suspeito de ter participação em assalto a banco no Pará.
Índios da etnia Kayapó ameaçam invadir o Centro de Recuperação Regional (CRC) de Redenção, no sul do Pará, onde está preso desde a última sexta-feira (7) o índio Tekré, suspeito de participação em um assalto a banco na cidade de Água Azul do Norte, no sudeste paraense.
Algumas índias passaram a se ferir na cabeça com cortes de facão em protesto. Eles estão armados e pintados para a guerra, e fazem danças em frente ao presídio. O grupo indígena improvisou acampamento debaixo de uma garagem, e se revezam em dois grupos: o primeiro fica acampado em frente ao presídio durante a noite, e o segundo, durante o dia.
"Hoje eu preciso que meu parente saia da cadeia porque meu sobrinho já cortou (feriu) a cabeça, eu não quero. Se vai mais um dia, eu vou quebrar o presídio com os meus guerreiros", disse um indígena ao traduzir a declaração de uma liderança do grupo.
De acord com Kalil Jorge, a reação faz parte dos costumes da tribo. "Para eles, para o costume deles, o mesmo sofrimento que o parente está sofrendo lá dentro, segregado, eles ficam aqui também. A família, filhos, esposa, guerreiros e demais amigos da família que estão aqui presentes se comprometem e fazem isso. Eles ficam junto com ele e aí os ânimos vão se exaltando", explica.
O índio Tekré é acusado de ter participado de um assalto à agência do Banpará em Água Azul do Norte em setembro do ano passado. "Tekré é o proprietário da chácara localizado em uma colônia agrícola. E o envolvimento dele era logística, suporte. A chácara era utilizada para planejar os crimes e após execução, era utilizado como local de fuga", acusa Antônio Miranda, delegado de Redenção.
Para os advogados dos indígenas, as provas apresentadas no processo não são suficientes para manter o acusado preso.
"A prisão foi baseada apenas em um depoimento colhido de forma muito estranha na chácara do Tekré. Foram encontrada apenas duas mochilas, que seriam do caseiro e da esposa dele, que alegam que a mochila era usada para carregar o dinheiro e as armas que foram usadas no crime de assalto", contesta o advogado Wagner Assunção.