Menina foi diagnosticada com o caso de 'síndrome do lobisomem'. Pai diz que a filha terá que fazer mais de 40 sessões de laserterapia.
Os pais da menina Kemilly Vitória Pereira de Souza, de dois anos e dez meses, que nasceu com o corpo coberto de pelos, foram ao Ministério Público Federal (MPF) na tarde desta segunda-feira (17) para tentar conseguir o transporte aéreo da família para Goiânia. Eles estão em Augustinópolis, no extremo norte do Tocantins.
O pai da criança, o eletricista Antônio de Souza, 34 anos, conta que já procurou a Justiça outras vezes para tentar conseguir que o governo do Tocantins fornecesse as passagens aéreas, porque a filha não pode pegar sol e de ônibus são 25 horas de viagem. Mas, segundo ele, até o momento os pedidos foram recusados. "Ganhamos o tratamento porque disseram que aqui no Tocantins ninguém fazia. Agora não querem ajudar com as passagens?", questiona indignado.
A família voltou ao Tocantins após Kemilly passar pela quarta sessão de laserterapia realizada no último dia 30 de janeiro. A próxima sessão está marcada para esta quinta-feira (20) e os pais da menina estão preocupados porque ganharam apenas a passagem de ida. "Nós vamos e não sabemos como voltaremos", conta Antônio.
O tratamento da criança é feito de 15 em 15 dias. Antônio explica que os médicos disseram que Kemilly precisa passar por mais de 40 sessões. Apesar da menina ficar com o corpo ferido e da dificuldade em conseguir o transporte, a família diz que não irá parar com a laserterapia. "Jamais interromperia o tratamento da minha filha. Não quero que ela sofra o mesmo preconceito que sofri. Era difícil demais, não vou deixar ela passar por isso", declara.
Síndrome do Lobisomem
Os pais da menina foram para Goiânia, no dia 17 de novembro de 2013, para tentar descobrir qual era o problema de Kemilly. De acordo com a família, a criança começou a ser submetida a exames assim que completou um mês de vida, em Augustinópolis, e os médicos não davam respostas para o aparecimento dos pelos.
Em Goiânia, a criança fez consulta no Hospital das Clínicas onde foi diagnosticado o caso de hipertricose lanuginosa, também conhecida como "síndrome do lobisomem". Depois que o caso ganhou repercussão nacional, o cirurgião pediátrico Zacharias Calil se prontificou a ajudar a família.
"O médico disse que cada sessão é R$ 2,5 mil caso fosse cobrado o tratamento e eu ganho R$ 1 mil, então eu tenho que ir. Tenho que fazer tudo pelo tratamento da minha filha", destacou Antônio.
Sem preconceito
O pai da menina conta que a filha foi bem recebida em Augustinópolis. Segundo ele, o que antes era visto como preconceito, agora ficou de lado e se reverteu em muitas doações. "Saiu a imagem do preconceito, por onde ela passa as pessoas querem tirar fotos, abraçar. O caso foi visto no mundo inteiro", relata, dizendo que uma escola particular já ofereceu três anos de estudos gratuito para a criança.