Poucos acreditavam que este bloqueio que começou no dia 24 de Fevereiro ultimo e de inicio estava programado para acontecer por apenas 06 horas durasse tanto tempo.
Para alguns os indígenas estão em uma luta em vão, mas vá lá e diga diretamente pra eles, pois nunca se havia visto pessoas decididas como estão agora os índios da etnia Apinajé, que viram na modernidade de uma estrada pavimentada um futuro melhor para seus "Curumins", como chamam as suas crianças.
Depois que o Cacique Emílio Apinajé, contrariou os ouvidos da maioria dos políticos e simpatizantes que estiveram na reunião acontecida no dia 1º de Março, onde participaram várias autoridades políticas, em destaque o próprio Governador Interino Sandoval Cardoso e o secretário de infraestrutura Kaká Nogueira.
Quem foi assistir a reunião esperava apenas ouvir da boca do representante Apinajé que este aceitaria a proposta "emergencial", do Governo do Estado de começar as obras pelas beiradas e deixar o conteúdo para um final sem previsão de começar e nem tão pouco terminar.
Com o "NÃO", dito pelo cacique naquele notório dia as coisas realmente tomaram um novo rumo pois com a negatória do grande líder Apinajé de apenas 30 anos de idade, levou o Movimento Popular Organizado á praticamente extinção, onde pela primeira vez na história tocantinopolina, aqueles que sempre foram subjugados, agora tomam as rédeas da situação e mostram liderança na região que um dia foi toda dominada por eles "indígenas".
Junto com os índios estão duas comunidades, Folha Grossa e Ribeirão Grande Pedro Bento cujas as duas na evolução do município de Tocantinópolis jamais conseguiram destacar ou eleger nenhuma liderança política ou por meio de associação, e que depois de 25 anos de criação do Estado do Tocantins os moradores resolveram mostrar o seu valor, talvez por causa dos jovens que vem mudando o Brasil e o mundo através de manifestações e nisso, podemos citar que os moradores dos dois povoados em questão realmente estão aprovados por sua persistência.
Sem a atenção necessária da Mídia Tocantinense a interdição da rodovia ganhou pouca importância, sendo vista apenas em sites da região, pois a maioria dos considerados "grandes", dependem da mídia do Governo do Estado para se manter e assim tem que se sujeitar a lei da mordaça.
VIDA NO BLOQUEIO
Sabiamente os principais líderes com a ajuda da cabeça pensante do Cacique Emílio e com a agilidade do representante do Povoado Folha Grossa Edigar Pereira, fizeram uma reunião e notaram que manter dois bloqueios na mesma rodovia seria perda de tempo e numa assembléia que aconteceu na ultima segunda feira (03), decidiram através de consulta aos moradores dos dois povoados em questão, pôr fim ao bloqueio do Folha Grossa e concentrar as forças apenas no que está localizado na divisa com a terra indígena para que assim diminuísse as despesas geradas.
Na reunião foi explicado aos moradores que ninguém estava abandonando a causa, mas sim concentrando as forças em um só local, haja visto que o bloqueio no povoado estava apenas atrapalhando a vida deles mesmos, privando a entrada de alimentos comprados na cidade quando os caminhões que iam realizar a entrega eram barrados.
INDÍGENAS QUASE QUE ABANDONADOS
Contando apenas com a coragem e mostrando serem muitos unidos os indígenas praticamente mudaram suas aldeias de lugar deixando para trás suas casas que possuem energia elétrica, alguns móveis, televisão, alguns até com teve por assinatura para acompanharem a luta pela pavimentação da rodovia. Com o acampamento crescendo a cada dia que passa estes índios estão sofrendo privações que faria qualquer outro mortal correr da guerra e voltar para o conforto de seu lar.
Como a maioria das barracas são de palha de babaçú e feitas provisoriamente, os índios estão passando dificuldades imensas devido as intensas chuvas que caem na região e quando se visita o acampamento clamam por lonas para cobrir os barracos para que assim possam pelo menos dormir um sono tranqüilo. Com um patrocínio cada vez mais escasso eles dependem ainda de combustível para acender suas lamparinas e também para buscar água no córrego Ribeirão Grande que fica a cerca de 1500 metros de distância.
Abandono Político
É incrível o abandono político que estes guerreiros estão passando neste momento, mas que não abala sua fé, quando perguntados se estes empecilhos não os farão desistir, todos são unânimes em dizer "já estivemos pior".
Das duas cidades mais interessadas na pavimentação da região vimos um abandono político por parte dos representantes das duas câmaras municipais, infelizmente isso é normal pois á várias eleições os indígenas lançam candidatos próprios. Mesmo sendo ano eleitoral não se ver muito interesse por parte dos camaristas das duas cidades pois esta eleição para governador e presidente só serve mesmo para negociatas e nos planos da maioria, os indígenas não fazem parte deles.
O único consolo para os Apinajés é saber que eles agora pensam mais que antes e que seguindo um líder como vem fazendo neste momento, poderão realizar uma reviravolta em eleições futuras ou quem sabe nesta.