Ela sofreu agressões em Goiânia, em agosto do ano passado. Vítimas de violência relataram histórias em um evento em Araguaína.
Duas histórias de violência contra a mulher que chocaram o Brasil foram contadas em um evento em Araguaína. Um dos depoimentos que emocionou centenas de mulheres na plateia foi o da operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos. Ela ficou cega de um olho depois de ter os dois olhos perfurados pelo ex-marido. O caso aconteceu em agosto do ano passado, em Goiânia. "Sem sombra de dúvida a maior vítima de violência contra mulheres que eu já vi em 30 anos de carreira, é a Mara Rúbia", disse a advogada dela Darlene Liberato.
No evento, Mara Rúbia falou pouco. A advogada dela foi quem relatou à história no evento realizado pela Vara de Defesa da Mulher. O agressor deve ir a júri popular no dia 19 deste mês. "Nós estamos certas de que ele vai ser condenado e que vai pegar a pena máxima para que fatos como este não ocorram mais e não fiquem impune", disse Darlene.
Mara Rúbia economizou nas palavras, mas disse o que muitas mulheres vítimas de violência precisam ouvir. "Denuncie! Não é fácil, é difícil demais, mas denuncie, se apegue em Deus e tente. E que a justiça faça também o papel dela para que mulheres não morram e crianças não sofram mais".
O público também conheceu a história da fisioterapeuta Cristina Lopes Afonso. Ela teve 80% do corpo queimado pelo namorado. O caso aconteceu em 1986, em Curitiba. O agressor foi preso e está solto após cumprir 7 anos de prisão. Mas os sinais da violência permanecem no corpo e na memória de Cristina.
"Quem já queimou uma pontinha de dedo sabe o transtorno, como você fica alterada com a dor. Mas a dor emocional é muito maior, você saber que foi agredida e violentada no que é mais precioso, que é a vida humana. A partir de muita terapia e conversa eu consegui resolver isso dentro de mim e hoje eu trabalho na prevenção e combate de violência contra todas as mulheres", diz Cristina.
Segundo dados do juizado da mulher, o Tocantins ocupa o sétimo lugar no ranking nacional dos estados que apresentam maior índice de violência contra a mulher. Mas, diferentemente dos outros lugares, no estado ainda são poucos os mecanismos de defesa para a mulher que cria coragem de denunciar uma agressão. "Em Araguaína nós não temos a casa de acolhimento das mulheres vítimas de violência doméstica, da mesma forma nós não temos um local para internar os agressores que são alcoólatras ou viciados em droga", alega a juíza Cirlene Maria de Jesus.
Araguaína está entre as cidades do Tocantins onde há maior registro de violência contra a mulher. No município, duas ocorrências deste tipo são registradas por dia.