Três Tocantinopolinos foram contratados por uma suposta psicóloga para trabalhar na Empresa BRF (Brasil Foods), que pertence as gigantes Perdigão e Sadia em Nova Mutum (MT), onde dois deles dizem ter passado fome e saíram fugidos do local, deixando para trás, Alceu dos Santos Rodrigues de 26 anos, que foi preso e está sendo acusado de furto.
Segundo um dos funcionários de nome Antonio Anísio da Silva Nascimento de 26 anos, que conseguiu escapar do local, quando eles foram contratados a tal psicóloga que fez a entrevista na cidade de Tocantinópolis prometeu que eles ganhariam R$ 800,00 (Oitocentos reais), mensais, mais horas extras, livre de café da manhã, almoço, janta e dormitório. Porém quando eles chegaram no local de trabalho em 14 de Janeiro deste ano, a realidade era totalmente diferente.
"Quando chegamos lá passamos até fome na primeira semana e depois Trabalhávamos das 15 horas até as duas da manhã com salário de R$ 500,00 (Quinhentos reais), além de ser descontado uma pequena quantia pela comida que nos alimentávamos, uma verdadeira humilhação". Contou Antonio.
Segundo o denunciante, eles ainda tinham que comprar vale transportes para irem ao trabalho, sendo que ao ser contrato diziam que era tudo por conta da BRF.
"Para sair de lá fugimos eu e outros sete colegas, mais o Alceu não conseguiu escapar e acabou preso sob a falsa acusação de roubo. Deixei o salário para trás e as coisas que eu havia levado, queria era sair de lá o mais rápido possível". Relatou Anísio.
Antonio conta que Alceu foi preso porquê eles foram colocados em umas casas onde já haviam outros trabalhadores e que alguns andavam armados e faziam uso de entorpecentes, além de praticarem alguns furtos na cidade, e quando a polícia deu busca na tal residência, encontraram alguns produtos furtados e assim o dono dos produtos roubados que também foi preso colocou a culpa em Alceu e outro rapaz evangélico que morava na mesma casa.
Os três Tocantinopolinos foram contratados para trabalhar na embalagem de frangos a frio, dentro de uma câmara sem o mínimo de conforto, pois as luvas eram muito finas que chegava a congelar os dedos. "Não podíamos ir no banheiro na hora que dava vontade e quando conseguíamos autorização não podia demorar mais que cinco minutos se não era mandado embora por justa causa". Contou Antonio.
O denunciante disse ainda que Alceu dos Santos chora desesperado dentro da cadeia em Nova Mutum, e agora que os familiares dele irão saber que ele está preso porque este pediu desesperadamente para avisá-los.
Nossa equipe conseguiu entrar em contato por telefone com a cadeia pública de Nova Mutum, onde fomos atendidos por um agente penitenciário de pré-nome Roberto que confirmou a história contada por Antonio de que Alceu está preso porque um outro rapaz realizou um roubo no município e quando a polícia investigou e deu buscas encontrou os objetos do furto dentro da mesma residência que Alceu estava morando junto com o verdadeiro acusado.
"Pesquisamos a vida pregressa do acusado e vimos que ele não tem passagem pela polícia então o que falta é ajuda de um advogado ou da própria defensoria para soltá-lo". Disse por telefone o agente Roberto.
A Brasil Foods ou BRF já foi condenada a pagar indenização a funcionários por não conceder intervalo para recuperação térmica a empregados que trabalham em ambientes artificialmente frios.