João Francisco havia sofrido um acidente de moto e ficou internado uma semana no Hospital de Araguatins. Unidade de saúde disse que ele teve um Tromboembolismo Pulmonar.
O lavrador João Francisco dos Santos, 51 anos, morreu no sábado (29), no Hospital de Araguatins, no extremo norte do estado. A família denuncia o descaso da unidade de saúde para com o paciente.
Parentes contaram que João Francisco deu entrada na unidade de saúde, no último dia 22 de março, após sofrer um acidente de motocicleta. Uma cirurgia para correção de uma fratura no fêmur, agendada para a sexta-feira (28), foi cancelada. “Na hora da cirurgia, o médico chegou e disse que não ia fazer porque não tinha material", diz o sobrinho do lavrador, o motorista Iramar Bezerra da Silva.
Uma outra sobrinha de João Francisco, que não quis se identificar, acompanhou o tio nos dias em que ele ficou na unidade de saúde. Ela conta que o lavrador não passou por exames. “Só fizeram um raio-x da perna.”
Ela conta ainda que o tio estava com a aparência de cansado. “Ele estava fraco, não queria comer”, diz, acrescentando que perguntaram para os enfermeiros o que podia ser feito e eles disseram que era preciso ver com uma nutricionista. “Procuramos até o diretor do hospital e ele não estava.”
Os sobrinhos ressaltam que foram informados de que João Francisco tinha diabetes e que a taxa de glicemia estava em torno de 500. “Não sabíamos que ele tinha diabetes. Os últimos exames que ele fez não tinha acusado nenhuma doença”, relata a sobrinha.
João Francisco morava com a mãe e não tinha filhos. Ele foi enterrado no domingo (30), em Araguatins.
Hospital
A família de João Francisco diz que o atendimento no Hospital de Araguatins ficou ainda mais comprometido com a transferência do Hospital Regional de Augustinópolis para a cidade. O deslocamento dos serviços hospitalares de uma cidade para outra, se deu por causa das obras de reforma do Hospital Regional de Augustinópolis.
O Outro Lado
A Secretaria da Saúde do Tocantins (Sesau), por meio do Hospital Regional de Augustinópolis, informou em nota que o paciente morreu por causa de um Tromboembolismo Pulmonar, provocado pelo "debilitado estado clínico, não tendo ligação com a cirurgia de fêmur que o mesmo iria realizar".
Ainda conforme o órgão, a cirurgia de João Francisco não foi suspensa porque o procedimento não tinha sido marcado ainda. "Essa cirurgia precisava ser feita em Araguaína porque a unidade local não tinha condições de realizar o procedimento."
O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Tocantins, Elton Stecca, explica que fraturas de ossos longos, como o fêmur, são as maiores causas de tromboembolismo pulmonar [formação de coágulo que entra na corrente sanguínea, chegando ao pulmão e comprometendo a função do órgão]. Segundo o médico, a doença pode se desenvolver com a fratura em si. “Uma hora depois e até após a cirurgia, em casa”, explica dizendo que a morte pelo tromboembolismo pulmonar pode ser instantânea.