Todo ano nesta época após a construção da usina hidrelétrica de Estreito é a mesma história, os pescadores saem para pescar e encontram milhares de peixes descendo rio abaixo sem que nenhuma autoridade tome providências.
"Nos sentimos menosprezados, entramos na justiça e nada acontece pois a empresa que tem muito dinheiro recorre de qualquer ganho que conseguimos". Disse o pescador Valmir Alves Santana, um dos que trouxe a canoa cheia de peixes encontrados mortos a fim de denunciar o crime ambiental nesta ultima segunda feira (14).
Peixes de várias espécies foram encontrados nesta segunda e terça feira, onde os denunciantes contam que não tem como eles venderem os peixes que realmente pescam porque a população fica logo sabendo da mortandade e ficam com receio de comprar o pescado produzido pelos pescadores desta colônia de Tocantinópolis.
A pescadora Luiza da Conceição conta que não sabe o que vai fazer porque não consegue vender o seu pescado. "Logo na Semana Santa acontece uma lástima dessas, nem sei o que vou fazer com os peixes que pesquei, é um prejuízo muito grande". Disse a pescadora.
Os pescadores João dos Santos Benvindo e Genevaldo Alves dos Santos deram apenas uma voltinha no rio e trouxeram um punhado de peixes mortos que foram encontrados boiando as margens do Tocantins. Peixes como Pacú, Bicudo, Jaú, Pescado, Piranha, Cará, Mandi, Tucunaré e Curi-matã foram espécies trazidas pela dupla de pescadores. "Saímos tão esperançosos em conseguir alguns peixes para vendermos no decorrer desta Semana Santa e não navegamos nem um quilômetro para começar a encontrar os peixes mortos, fiquei muito desanimado, colhemos estes aqui fotografados e agora vamos voltar pra casa sem nenhum peixe para vender". Desabafou João Benvindo.
Outros dois pescadores que chegaram bastantes desanimados com o que encontraram no Rio Tocantins foram Manoel Pereira de Sousa e Edson Rodrigues que contaram a nossa equipe terem ido até um local conhecido por "Papaconha", e lá encontraram uma grande quantidade de peixes mortos próximo ao povoado que leva o mesmo nome.
"Lá na Papaconha é que tem peixes mortos mesmo, são espécies de tamanhos gigantescos e também alevinos que estão morrendo mesmo estando muito longe dos paredões da usina, não sei nem o que fazer para conseguir o sustento da minha família, pois ninguém quer comprar peixe do rio com essas mortes, a história se espalha logo e os consumidores optam por adquirir peixes de criatórios". Relatou Manoel Pereira.
Realmente a mortandade de peixes abaixo da Usina Hidrelétrica de Estreito é um mistério muito grande pois pelo menos três vezes por ano em épocas distintas aparecem espécimes mortas. Uma das teorias é de que os peixes morrem quando tentam subir o rio e esbarram no paredão da usina mais a distância em que alguns são encontrados morrendo tira essa especulação de lado deixando apenas esse intrigante fato ser discutidos nos tribunais, pois os pescadores já prometeram entrar com uma nova ação contra a empresa que opera a usina hidrelétrica.
Abaixo mais algumas fotos tiradas pelos pescadores: