Por: José Alberto Viana de Amorim
Ouvindo o vídeo e lendo os comentários no facebook, fico aqui matutando e ao mesmo teço na minha mente um ponto de vista a respeito, o qual engloba toda a situação econômica, a qual se reflete em todos os âmbitos da sociedade.
Nada contra os internautas que postam suas mensagens, sejam elas contra ou a favor, até porque o direito de expor o pensamento é livre – desde que não esteja em um regime ditatorial – dessa forma tem que ser respeitado, mesmo que entre em contradição com a opinião de outras pessoas, o que é real, pois, segundo o escritor Nelson Rodrigues, TODA UNANIMIDADE É BURRA. Complementava, ainda, afirmando que quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.
Voltando ao que interessa. Os jornais televisivos, ao mesmo tempo em que mostram os preparativos para o carnaval, estão mostrando a epidemia que está levando parte da população ao desespero, causado por um “simples mosquito” que a cada dia que passa se fortalece, levando a milhares de crianças a nascer com microcefalia, o que resultará em futuros adultos com sérios problemas de retardamento. Além disso, todos nós temos conhecimentos da calamidade em que se encontra a saúde em nosso País com hospitais abarrotados de pacientes esperando para serem atendidos, macas nos corredores, e pessoas morrendo nas portas dos hospitais por falta de atendimentos.
O nosso estado não foge a regra. Os servidores da saúde estavam em greve pedindo melhorias nas condições de trabalho e, também por reajustes salariais e acordos não cumpridos. Recentemente um conhecido que esteve acompanhando um paciente no maior hospital público do estado me informou que o mesmo estava, junto com outros pacientes, debaixo de uma tenda na porta do hospital e que a situação era calamitosa, os servidores de plantão estavam comprando marmitas para se alimentar. Isso é o de menos, o pior é faltar medicamentos e os procedimentos médicos. O governador por sua parte deu uma declaração desastrada, na qual afirmou que não negociava com quem ficava jogando baralho e dominó na porta do hospital. O que foi retrucado de imediato por um médico, mandando-o a se dispor a colocar suas mãos sem luvas no meio de sangue de um paciente.
No Rio de Janeiro, estado que já precisou de uma força tarefa para combater a dengue, o governador está disponibilizando R$ 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de reais) para as doze escolas do grupo especial, para que as mesmas se apresentem na passarela do samba, acordo esse feito em setembro último. Essa quantia não seria suficiente para sanar de vez os problemas da saúde, mas acredito que seria suficiente para pelo menos ser aplicado em medicamentos, aparelhos, materiais de usos cirúrgicos, ambulâncias e alimentos para os pacientes dos hospitais. A mídia, comandada pela toda poderosa Rede Globo, já colocou na cabeça dos incautos que o “Carnaval é a alegria do povo”. Daí as pessoas aceitam e durante os quatros dias se atiram de corpo e alma, inebriados pela folia e por acompanhantes extras, esquecem de todas as mazelas do cotidiano do ano inteiro. Daí eu relato um episódio acontecido na década de sessenta, precisamente no ano de 1964, quando Charles De Gaulle em uma visita ao Brasil, ao ser interpelado sobre o que estava achando do Brasil, o mesmo disparou a célebre frase: “TUDO BEM, TUDO MUITO BONITO, MAS ESSE NÃO ME PARECE UM PAÍS SÉRIO”.
Hoje em uma conversa informal, ouvi que o Tribunal de Contas da União (TCU) proibiu as prefeituras que estejam inadimplentes com seus funcionários de patrocinarem o carnaval em suas respectivas cidades. Nada mais justo, pois como um prefeito que não tem dinheiro para pagar o funcionalismo público do seu município, pode patrocinar carnaval. Ai vem a tona a questão maior. Em vários locais de outros estados e até aqui em nosso estado, várias prefeituras cancelaram patrocínios de carnaval, com contratações de bandas famosas ou não, em alegação da crise financeira. Particularmente, aqui eu volto ao direito livre de expor o meu ponto de vista a respeito do assunto. Sou a favor de que todos os governantes que optaram por tal situação, seja por alegação da crise financeira ou não. E me alongo em dizer que, além disso, o simples fato do cancelamento pode se levar em consideração ao respeito a todos os cidadãos que estão mendigando tratamentos nas intermináveis filas dos hospitais públicos.
Daí eu deixo o seguinte questionamento: SE O CARNAVAL É A ALEGRIA DO POVO, PORTANTO O MESMO TEM QUE SER FESTEJADO, E A SAÚDE? EXISTE ALEGRIA EM ALGUM CIDADÃO QUE ESTEJA DOENTE?