Além dos indígenas, os moradores da cidade de Maurilândia do Tocantins também iniciaram um protesto interditando e proibindo a passagem de qualquer indígena vindo de Tocantinópolis pela mesma rodovia.
Uma parte dos indígenas que usam a Rodovia TO-126 para se deslocar até as escolas e para a cidade resolveram bloquear a passagem de motoristas e ciclistas até que o gestor dos municípios de Tocantinópolis e Maurilândia, bem como o Governo do Estado mande pelos menos consertar as estradas vicinais de acesso ás aldeias.
A interdição se iniciou no ultimo dia 23 de Fevereiro próximo á aldeia Macaúba nas margens do Córrego Bonito, e segundo os indígenas o protesto não tem previsão para terminar, já que depois desses vários dias nenhuma autoridade se manifestou quanto ao problema.
Com a interdição da rodovia as aulas na principal escola indígena dessa região a Escola Estadual Indígena Tekator, que fica localizada na Aldeia Mariazinha pararam, causando prejuízos aos alunos que terão que repor as aulas caso o problema seja resolvido, já que os índios não pensam em desistir enquanto o prefeito e/ou o Governo do Estado através da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (AGETO) negocie com eles.
Muito bem estruturados nas margens do Córrego Bonito, os indígenas montaram um acampamento com lonas e construíram uma rede elétrica improvisada para iluminar o local a noite para não ficarem tão vulneráveis como já estiveram em outras manifestações que chegaram a durar quase dois meses.
Diferentemente das outras manifestações que também interditaram esta mesma rodovia, a deste ano não está contando com o apoio de todos os indígenas da etnia, já que o cacique Davi Wamimen Chavito da aldeia São José não enviou representantes para apoiar o movimento dos indígenas que margeiam a rodovia.
Recebemos informações que o cacique Davi Chavito está ingressando no mundo da política e deverá sair candidato a vereador na eleição deste ano e deve subir nos palanques do candidato apoiado pelo prefeito, já que o mesmo esteve pessoalmente com o pré-candidato Paulim do Bonifácio no cartório eleitoral de Tocantinópolis se desfiliando do PMDB e migrando para um outro partido da base do deputado José Bonifácio no município. Talvez aí haja a respostas do porquê da recusa de Davi em apoiar a manifestação de seus irmãos de etnia. (Vejam abaixo consulta que mostra a desfiliação de Davi do PMDB)
Nossa equipe de reportagem já conheceu de perto a ira, pensamentos e tirania desse jovem cacique que provavelmente foi seduzido pelo "katiporé", como os índios chamam o dinheiro dos brancos, pois nos deslocamos até a aldeia São José em novembro de 2015 para fazer uma reportagem sobre as péssimas condições que os indígenas Apinajé estavam recebendo tratamento de saúde em suas comunidades e ao chegar na aldeia solicitamos autorização do Cacique Davi para realizar a visita a localidade, e depois de fazermos as imagens e coletarmos entrevistas quando tentávamos voltar vimos que a estrada vicinal estava interditada com troncos de madeira e ao procurarmos o cacique este mandou que saíssemos do veículo solicitando que apagássemos todas as imagens feitas na aldeia para poder ser liberados. Diante da pressão com indígenas nos cercando com paus e pedras, solicitei que o próprio Davi apagasse as imagens da câmera, e assim fomos liberados. Ao chegar na cidade fizemos um Boletim de Ocorrência preventivo contra as ações do cacique e mesmo assim a matéria foi pro ar. (Clique Aqui Para Ver Matéria da Época)
Quanto á nova interdição da Rodovia Nossa equipe de reportagem foi a única a ir no local do bloqueio e ao contrário do que aconteceu na Aldeia São José fomos muito bem recebidos pelos caciques representantes da comunidade protestante, dentre eles o jovem Cacique Emílio Dias Apinajé que nos explicou os reais motivos para a manifestação.
Segundo Emílio, os indígenas perceberam que eles estão sendo esquecidos e abandonados pelas autoridades e o que eles querem é melhorias nas estradas vicinais que dão acessos as aldeias incluindo também a TO-126. Segundo os indígenas o bloqueio na estrada está sendo feito de forma pacífica e por tempo indeterminado até que os problemas sejam atendidos e resolvidos listando em uma nota explicativa os problemas que eles querem sanados.
"Nossas estradas encontram-se em situação precária, e corremos o risco de ficar com as aulas prejudicadas por falta de transporte Escolar. Os alunos das aldeias Recanto, Brejão, Girassol, Cipozal, Bonito, Macaúba, Olho D'água, Formigão e Riachinho que estudam na Escola Indígena Tekator na aldeia Mariazinha podem ficar sem aulas se as estradas não forem recuperadas. O ônibus de transporte escolar não tem acesso ás aldeias Morro Grande e São Raimundo onde ainda não foi construída estradas encascalhadas, em razão disso os alunos não podem frequentar as aulas". Diz a nota.
"Precisamos de uma Escola Padrão na aldeia Mariazinha, é necessário também a contratação de servidores, como: Vigias, auxiliar de secretarias, Zeladora e merendeiras. Nosso movimento não é pela pavimentação asfáltica da TO-126, esse é outro processo que depende de Consulta Prévia, Livre e informada de estudos de impactos ambientais e licenciamentos conforme a legislação vigente. O processo que trata da pavimentação da rodovia TO-126 encontra-se tramitando na FUNAI e MPF AGA, IBAMA e com o empreendedor". Constava ainda na nota que foi finalizada com o seguinte texto: "Em razão dos problemas mencionados solicitamos que o MPF-AGA, a AGETO, a FUNAI e as prefeituras de Tocantinópolis e Maurilândia adote com urgências medidas cabíveis para resolver as questões demandadas deste documento. As prefeituras de Tocantinópolis e Maurilândia também devem cooperar e ajudar a promover o diálogo para resolver a questão e não ficar jogando a população local contra o nosso povo. E pedimos a colaboração e compreensão das autoridades policiais e judiciárias para que possamos resolver de forma pacífica esses problemas que é responsabilidade dos órgãos públicos mencionados acima". Finalizou a nota.
Assista abaixo a entrevista com o Cacique Emílio Apinajé:
Revolta em Maurilândia do Tocantins
Cansados de ficarem isolados devido aos seguidos protestos que vem sendo realizados nesta rodovia, deixando os moradores locais em situação complicada para se deslocarem até Tocantinópolis, alguns desses munícipes e lideranças políticas também resolveram protestar bloqueando o acesso á cidade de Maurilândia através da TO-126 no sentido Tocantinópolis, segundo eles ninguém vai passar, principalmente os indígenas.
Um dos organizadores do movimento é o ex-vereador Aldenor Rodrigues Cavalcante, conhecido popularmente como "Nô", que em um vídeo gravado no local da interdição próximo ao Povoado Ema, disse os motivos deles terem reagido quanto a esse problema.
"Nós estamos sendo reféns dos índios do nosso município, porque eles bloquearam lá na área indígena, já tem 15 dias que a nossa cidade está isolada de Tocantinópolis e a maioria do nosso povo do município de Maurilândia hoje resolvem seus problemas bancários, suas consultas em Araguaína é em Tocantinópolis, e nós estamos reféns deles. Nós só queremos que o poder público, o Governador, o secretário de obras se manifestem digam alguma coisa se nós vamos ficar sempre assim. Será se nós vamos sempre ficar sendo reféns durante um ano dois anos?" Perguntou Aldenor.
A câmara municipal também se manifestou fazendo um boletim de ocorrências no ultimo dia 08 de Março contra a comunidade indígena. Na representação o presidente da casa de leis Raimundo Pereira de Araujo descreveu que tanto os vereadores como os munícipes e toda e qualquer pessoa que necessita transitar na referida rodovia estão sendo impedidos de trafegar a mais de 17 dias, deixando a população como reféns de uma situação imposta de forma arbitrária e sem fundamentação plausível. No Boletim de Ocorrências o presidente da câmara pede ainda que seja justificado o prejuízo causado e que a população não pode ficar com seus direitos básicos de ir e vir impedidos por alguns indígenas e não indígenas que se infiltram no meio das comunidades provocando males aos próprios indígenas.
Quem também se manifestou através de um outro Boletim de Ocorrências foi o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Maurilândia do Tocantins que confeccionou um "B.O." no ultimo dia 07 de Março através de sua representante Franciane Carneiro de Souza que no histórico descreveu que todos os membros do sindicato estão sendo prejudicados assim como toda a comunidade que precisa trafegar pela rodovia. "Toda a comunidade dos municípios estão tendo prejuízos por falta de acesso a bancos, INSS, acesso a contadores, dificuldades no escoamento da produção agrícola e pecuária, dificuldades no acesso a combustíveis e demais necessidades particulares dos cidadãos. Que esta entidade pede em caráter de urgência urgentíssima providências por parte das autoridades competentes". Relatou Franciane.
A Associação dos Produtores Rurais de Maurilândia do Tocantins (ASPRUM), através de seu representante Raimundo Bezerra de Sousa, foi outra entidade que também fez um boletim de ocorrências contra o bloqueio da Rodovia TO-126 alegando as mesmas dificuldades e razões citadas anteriormente.
Assista abaixo os vídeos gravados pelos moradores que também bloquearam a rodovia: