O que era para ser uma casa para acolher pessoas que vão a Palmas (TO), acompanhar parentes ou amigos que estão internados em hospitais públicos da cidade, a Casa de Apoio Vera Lúcia tornou-se, além da sua função social, palco de histórias comoventes e encantadoras nesses dez anos de existência.
Foi lá, por exemplo, onde as irmãs Naídes Souza, de Araguacema, e Ana da Silva, de Alvorada, se encontraram, após 43 anos separadas. Elas só tiveram convívio familiar até os dez anos de idade. A primeira permaneceu com os pais biológicos, já a segunda foi entregue para uma família adotiva.
O reencontro delas, na Casa de Apoio Vera Lúcia, aconteceu em setembro de 2015, ocasião em que ambas foram hospedadas no local para um tratamento de câncer de mama. “Essa casa existe para nos unir, não temos dúvidas disso. Apesar da dor, uma doença nos trouxe até aqui, mas agora estamos juntas para sempre”, afirmou Ana. “Esse nosso encontro é uma emoção sem limites”, descreveu Naídes, cheia de planos e sem desgrudar da irmã.
Ildamara da Costa Gonçalves também é uma hóspede que se emociona ao falar da Casa de Apoio, é lá onde Cauã (in memorian) passou uma boa parte da vida. “Quando passo em frente à Casa de Apoio, choro de felicidade. Lá, fomos acolhidos com amor e foi onde aprendi a amar o próximo”.
A esperança pela cura de um câncer de Cauã uniu Ildamara e Benevaldo Machado da Silva, que acompanhava o filho Thayllon Bruno, de cinco anos de idade, acometido pela mesma doença. Os garotos dividiam o mesmo quarto do hospital, enquanto os pais dividiam as mesmas dores e esperanças.
A relação de confiança entre eles, a troca de experiência e a afinidade foram crescendo no decorrer de dois anos, resultando em um pedido de namoro, noivado e depois casamento.
Ildamara era de Colinas (TO) e Benevaldo, de Sampaio (TO). Porém, foi em Palmas que a história deles começou, embora o casal deixe claro que nunca aconteceu qualquer envolvimento dentro da Casa pelo respeito em si com as regras e com os demais hóspedes.
Passados dois anos, Ildamara tenta superar a morte de Cauã, mas é forte a memória do filho quando se lembra da casa. “Porque era lá onde ele gostava de estar e ficar e onde viveu os melhores momentos de sua vida”, emocionou-se.
São inúmeros os casos de histórias para contar sobre os hóspedes que vêm e voltam e até os que permanecem na Casa de Apoio Vera Lúcia, e, embora as histórias sejam individuais, a solidariedade é comum a todos. Desta forma, define a gerente do lugar, Alessandra Pereira. “Aqui existe um espírito de união que transcende qualquer dor ou sofrimento. Todos são solidários uns com os outros, e essa solidariedade também vem dos nossos parceiros e voluntários que nos ajudam sempre”, afirmou.
Casa
A Casa de Apoio Vera Lúcia foi inaugurada em 18 de abril de 2006, no segundo mandato do governador Marcelo Miranda, apoiada pelas ações sociais da primeira-dama e deputada federal Dulce Miranda. O espaço foi idealizado com o propósito de acolher os acompanhantes dos pacientes vindos de diversas partes do Tocantins e estados vizinhos que chegam a Palmas e não tinham e nem têm onde se hospedar e nem dinheiro para custear despesas com hotel.
Desde a sua inauguração, já passaram por lá aproximadamente 103 mil pessoas.
Estrutura
A Casa de Apoio pode receber até 100 hóspedes. O local possui uma área arborizada que facilita a interação entre os acolhidos, e é equipado com beliche, cozinha, brinquedoteca, sala interdisciplinar, parquinho e capela. O lugar está localizado na Quadra 203 Sul, a 200 metros do Hospital Geral de Palmas (HGP).
Os clientes recebem três refeições diárias, café da manhã, almoço e jantar, e ainda têm um cronograma diversificado de atividades de lazer, além de orientação psicológica e pedagógica e assistência social. “Respeitar o ser humano em sua essência e dignidade é uma das bandeiras defendidas pelo governador Marcelo Miranda, e por isso, não medimos esforços para que o nosso hóspede sinta-se, apesar dos obstáculos, verdadeiramente acolhidos por todos nós”, disse a secretária de Estado do Trabalho e Assistência Social, Patrícia Amaral.