Na última quinta-feira, a Polícia Civil do Tocantins realizou a Operação Gotham City, resultando na prisão de um homem de 30 anos, conhecido como Dad Charada, em Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Ele é apontado como um dos principais articuladores dos crimes de homicídios ocorridos em Palmas ao longo deste ano.
A prisão de Dad Charada foi possível graças ao compartilhamento de informações entre as polícias Civis do Tocantins e do Rio Grande do Sul. Após a captura, ele foi recambiado pelos policiais civis tocantinenses durante a operação e levado para um presídio na capital gaúcha.
Durante uma coletiva à imprensa realizada no Palácio Araguaia, na manhã desta quarta-feira, foram revelados os detalhes do trabalho investigativo realizado pela 1ª DHPP, que identificou Dad Charada como o principal articulador dos crimes de homicídio. O secretário da Segurança Pública do Tocantins, Wlademir Mota Oliveira, destacou que as ações de reforço nas equipes das delegacias especializadas, aliadas aos serviços de inteligência, têm sido efetivas na desarticulação das organizações criminosas.
Segundo as autoridades, havia dois mandados de prisão em aberto contra Dad Charada, representados pelas Divisões Especializadas de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP - Palmas) e de Repressão a Narcóticos (1ª Denarc - Palmas). Ele é investigado pela 1ª DHPP por crimes como o duplo homicídio ocorrido em janeiro de 2022 em Palmas, que vitimou o casal Giovanna Alessandra Ribeiro da Silva, de 23 anos, e Wenesph Freitas da Silva, de 30 anos.
De acordo com o delegado titular da 1ª DHPP, Guilherme Torres, a prisão de Dad Charada é mais uma resposta ao crime organizado, que tem aumentado seus índices de homicídios relacionados à disputa de poder entre facções. As investigações revelaram que Dad Charada era membro de uma pequena facção goiana, aliada a uma grande facção paulista com atuação nacional, mas neste ano decidiu se aliar a uma facção carioca, também com atuação em todo o país, no contexto do tráfico de drogas.
Dad Charada rapidamente assumiu o protagonismo na nova facção, liderando o movimento de tomada de território e aumento do efetivo de membros ligados à organização criminosa. Seu plano consistia em matar as lideranças da facção paulista em Palmas, deixando os pequenos traficantes sem referência na venda de drogas e sem ações coordenadas. O delegado explicou que o objetivo era igualar numericamente o efetivo das facções rivais, causando perturbação e medo na população e na facção adversária.
O alto número de mortes relacionadas aos crimes de Dad Charada ocorreu porque a facção carioca é menor em comparação à paulista, considerando sua aliança com a facção goiana. Dad Charada, que já foi membro das duas facções rivais anteriores, tinha informações privilegiadas sobre seus antigos parceiros de crime, o que tornava suas ações precisas e efetivas.
Além disso, Dad Charada também aproveitou essa disputa de poder para se vingar de desafetos que havia feito enquanto era membro da facção paulista. Seu plano incluía a meta de matar 100 rivais até o final do ano, e ele estava disposto a usar até mesmo explosivos para alcançar seu objetivo.
Durante a coletiva, foi destacado o poder financeiro da facção comandada por Dad Charada, que operava uma loja virtual em uma rede social para a venda de drogas. A movimentação financeira era significativa, principalmente devido à venda de entorpecentes originários do Paraguai.
O delegado ressaltou que as prisões realizadas ao longo do ano foram fundamentais para compreender todo o fenômeno criminoso. A cada homicídio, novos inquéritos eram instaurados, e as investigações sempre apontavam para membros dessa facção. As lideranças ficaram acuadas, cientes de que a Polícia Civil estava se aproximando. Dad Charada tentou fugir para o Rio Grande do Sul e planejava em breve deixar o país com destino a Portugal, mas acabou sendo localizado em um apartamento no centro de Passo Fundo.
No local da prisão, foram encontradas anotações de vendas de drogas, incluindo entorpecentes provenientes do Paraguai. Também foram apreendidas munições e constatado que Dad Charada estava utilizando documento falso e planejava viajar para Portugal.
Após todos os procedimentos legais, Dad Charada foi conduzido à sede da 1ª DHPP e, em seguida, encaminhado para a unidade prisional de Palmas. Essa prisão representa mais um avanço no combate ao crime organizado e traz uma resposta importante para a sociedade, demonstrando o compromisso das autoridades na busca pela segurança e pelo fim da impunidade.
