Em uma reviravolta que abalou o cenário político de Tocantins, uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) expôs um esquema de corrupção envolvendo o governo estadual. A investigação aponta que Layane de Sousa Silva, assessora do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), teria sacado quase R$ 1 milhão como parte de um suposto desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.
A Investigação
A operação Fames-19, conduzida pela Polícia Federal, investiga um esquema de desvio de recursos públicos por meio da distribuição de cestas básicas. Durante a pandemia, essas cestas eram destinadas a famílias carentes no estado de Tocantins. A investigação revelou fortes indícios de que grupos de empresas, selecionadas previamente, recebiam a totalidade dos valores contratados, mas entregavam apenas uma parte dos produtos acordados.
O Envolvimento da Assessora
Layane, que ocupava um cargo em comissão na Secretaria Executiva da Governadoria desde julho de 2022, teria recebido aproximadamente R$ 916 mil em espécie. Segundo a investigação, esse montante foi repassado por empresários que venceram licitações para fornecer as cestas básicas. Apesar de seu salário de pouco mais de R$ 5 mil por mês, Layane foi responsável por saques milionários, o que chamou a atenção das autoridades.
Repercussão e Respostas
Após a revelação do esquema, Layane de Sousa Silva foi exonerada de seu cargo, conforme publicação no Diário Oficial do estado. Tentativas de contato com a assessora e sua defesa não obtiveram sucesso. O governo do estado também foi procurado, mas até o momento não se manifestou sobre o caso.
Além de Layane, outros nomes próximos ao governador Wanderlei Barbosa, incluindo dois de seus filhos e a primeira-dama do estado, estão sob investigação. A Polícia Federal cumpriu 42 mandados de busca e apreensão, inclusive na residência e no gabinete do governador. Durante as buscas, foram encontrados R$ 67,7 mil em espécie, dólares, euros e boletos pagos, que estão sendo analisados pela investigação.
A Defesa do Governador
Wanderlei Barbosa, que era vice-governador na época do suposto esquema, afirmou em nota que não tinha envolvimento com o programa de distribuição de cestas básicas e que sua única relação com os investigados foi a participação em um consórcio informal de R$ 5 mil. A primeira-dama e outros membros da família também negaram qualquer envolvimento com as irregularidades.
Desdobramentos
A operação Fames-19 ainda está em andamento, e os próximos passos das investigações devem trazer mais informações sobre o alcance desse esquema. A comunidade e os líderes políticos aguardam ansiosamente por respostas e justiça em um caso que revelou as fragilidades e a corrupção no gerenciamento de recursos públicos em Tocantins.