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“Siqueira Campos não vai ser convocado pela CPI do Cachoeira” Diz Bonifácio em Entrevista

Data do post: 28/05/2012 13:30:29 - Visualizações: (963)

Deputado José Bonifácio observa que Comissão Parlamentar de Inquérito tem enredo de fracasso, prevê que governador tucano não será convocado para depor e acredita que escândalo do bicheiro apenas respingou no Tocantins.

O deputado José Bonifácio, do PR, está convicto de que o governador Siqueira Campos (PSDB) será poupado de prestar depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, por um detalhe muito simples, não tem nada a acrescentar. “O que o Siqueira vai dizer, que pagou de quatro contratos 1% do valor desses contratos a uma empresa legalmente localizada, que participa de mais de 30% das obras deste país?”, pergunta e acrescenta: “E vai sair como devedor inveterado porque não pagou nada, praticamente”.

O deputado se diz contra a instalação de CPI do Cachoeira no Tocantins para apurar possível envolvimento de autoridades do Estado com o esquema do contraventor. “Eu acho que criar CPI (do Cachoeira) no Tocantins é uma coisa incipiente se tem uma CPI federal e uma em Goiás. São apenas respingos do Cachoeira em nosso Estado, eu considero respingos, porque uma conversa (vazada em gravação) aqui não mostra envolvimento das nossas lideranças com coisas graves”. Sobre o resultado da CPI do Cachoeira, o deputado é categórico: “Está fadada ao fracasso e a pouca apuração. Quem está lá não quer apuração.”

Ao traçar um panorama da disputa política nas principais cidades do Estado, José Bonifácio aponta o deputado Marcelo Lelis (PV) com enorme favoritismo para vencer as eleições na Capital. Em Gurupi, diz que a deputada Josi Nunes (PMDB) tem condições reais de virar prefeita; em Paraíso, a vez é do ex-governador Moisés Avelino (PMDB); e em Araguaína há um forte embate entre o suplente de deputado Ronaldo Dimas e a ex-prefeita Valderez Castelo Branco (PP). No balanço geral diz que haverá um equilíbrio de forças entre o governo e o PMDB.

Nesta entrevista o deputado fala ainda sobre sua simpatia pelas realizações da Ditadura Militar, que ele prefere chamar de Gloriosa Revolução de 64. Declara que é favorável a abertura dos arquivos dos governos militares pela Comissão da Verdade, não com o objetivo de condenar possíveis envolvidos, mas como forma de contribuir para uma melhor compreensão da história recente do país.

  Há um engano. A bancada de oposição não apresentou requerimento de criação de CPI do Cachoeira, até porque vieram com a desculpa esfarrapada de que seria derrotada, que eles teriam as assinaturas, mas não houve apresentação. A bancada do governo não se posicionou. Eu acho que criar uma CPI (do Cachoeira) no Tocantins é incipiente se tem uma CPI federal, se tem uma CPI em Goiás. Em nosso Estado só houve respingos do Cachoeira, considero respingos, porque uma conversa aqui não mostra envolvimento das nossas lideranças com coisas graves, salvo uma citação aqui outra acolá, um pedido, tentativa de agradar lideranças, alguma coisa na prefeitura. E as mais graves estão na prefeitura (de Palmas), que tem contratos em andamento, milionários. Um pedido para proteção em possível assunção de mandato, que o cidadão quando está apertado recorre a todo mundo. A Centro-Oeste da Delta de Carlinhos tem sede em Goiás. Se sair lá alguma coisa grave do Tocantins os próprios membros da CPI, o comando pode oficiar ao Ministério Público, aos órgãos competentes para tomar as providências. E aí, se carecer de uma apuração mais detalhada no Tocantins, cabe a nós. Mas encher o país de CPI, no Distrito Federal, no Congresso, em Goiás, no Rio de Janeiro, em Mato Grosso, vai ser redundante.

Como o Sr. vê a possibilidade da CPI convocar o governador Siqueira Campos?

A CPI pode convocar quem lhe aprouver, se houver fatos determinantes para isso, incluindo qualquer governador. Se Siqueira for convocado, vai dizer que pagou de quatro contratos 1% do valor desses contratos a uma empresa legalmente localizada, que participa de mais de 30% das obras deste país? E vai sair como devedor inveterado porque não pagou nada praticamente. Siqueira não será convocado porque o que ele tem a dizer é de menos, não tem nada a acrescentar.

Essa CPI vai terminar em pizza como muitas outras?

Cândido Vacarezza já disse o que vai dar a CPI numa men­sagem, acho que Facebook, ao governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro. ‘Eu não espero muita coisa’, até porque o Cachoeira não vai falar nada [o contraventor se calou ao depor na terça-feira, 22]. Espero que queime a minha língua, porque ele não é obrigado a produzir provas contra ele. O seu advogado uma das raposas velhas do direito brasileiro, ex-ministro (Tomaz Bastos) não vai aconselhá-lo a dizer muita coisa para envolver ninguém. Essa CPI está fadada ao fracasso e a pouca apuração. Quem está lá não quer apurar.

Há certa impaciência dos próprios governistas quanto aos resultados do governo, até aqui, considerados acanhados. O que está acontecendo com o governo?

A avaliação do povo quanto ao governo Siqueira Campos é muito boa, superior a 70%. Tive acesso à pesquisa que na totalidade das cidades do Estado ele tem aprovação em 129 cidades e é desaprovado em 10. Nós que nos acostumamos com a garra e a força de trabalho de Siqueira ficamos sempre apreensivos, querendo que o trator dispare, que as grandes obras cheguem de uma vez. Depois de um ano e quatro meses de dificuldades estamos vendo o lançamento de grandes obras, como foi feito agora no Bico do Papagaio, de estradas, colégios de tempo integral, grandes obras que mostram que o velho Siqueira terminou de ajeitar a máquina e está dando a partida que é aquilo que ele sabe fazer.

O Sr. se considera um siqueirista de carteirinha, mas não esconde sua independência. Mesmo como líder do governo era um dos primeiros a apontar erros. Foi isso que o desgastou na liderança do governo?

A liderança é muito trabalhosa. No almoço de final de ano, de confraternização, solicitei ao governador minha substituição na liderança e indiquei o deputado Osires Damaso (DEM) ou o deputado Amélio Cayres (PR), mas não era uma indicação, pedi ao governador que avaliasse. Quando o deputado Raimundo Palito disse que indicaria o deputado Amélio Cayres, então o governador disse que Osires e Cayres ficariam um ano cada. A liderança toma muito tempo e eu tinha cumprido o meu dever. Era hora de fazer o rodízio.

Pelo menos 8 dos 24 deputados desejam disputar as eleições. A Assembléia pode sofrer esvaziamento no segundo semestre?

No segundo semestre talvez a Assembléia fique mais voltada para o Estado. Os pré-candidatos irão batalhar os seus votos não serão todos que virão a Casa, não haverá aquele grande debate. Vai ser salutar para o povo, porque os objetivos de cada pré-candidato é fazer da tribuna da Assembléia uma vitrine para as suas propostas ou para agradar o eleitorado e isso faz com que a gente pareça uma câmara municipal. No próximo semestre isso diminui.

Oque as urnas vão dizer?

Acredito que o óbvio, o natural. O deputado Marcelo Lelis é favorito para ganhar em Palmas. Vi o pronunciamento de uma liderança, me parece do vereador Carlos Braga, no Jornal Opção, falando que às vezes está ficando tarde para se juntarem e que o Marcelo poderia levar essa eleição com facilidade. Acredito que é praticamente impossível haver mudança no cenário político de Palmas, até porque o deputado se firmou muito durante esses quatro anos e está muito arraigado na cabeça do povo. Vejo o despontamento da deputada Luana (Ribeiro, PR) e do deputado Eli (Borges, PMDB), mas é tímido e eu acredito que aqui as favas estejam contadas. Em Gurupi, a gente vê o favoritismo exacerbado da deputada Josi Nunes e a relutância dela em ser candidata em função de dificuldades financeiras, oriundas de outras campanhas. E despontam o Stival, deputado Laurez (Moreira, PSB) que deverão arregimentar a simpatia do povo. Vejo o favoritismo do primeiro suplente de deputado em Paraíso, Moisés Avelino, ainda uma ascensão do ex-prefeito Hider Alencar, mas acredito que Avelino seja favorito não por ser do PMDB, mas por ele mesmo, cidadão honesto, de posições firmes, que deve levar a grande votação do povo de Paraíso. Em Araguaína há a liderança de Ronaldo Dimas, e uma presença muito forte da ex-prefeita Valderez Castelo Branco, que não pode ser subestimada. No restante do Estado, nas cidades menores, há predominância muito grande dos candidatos do governo e do PMDB, e esse vai ser o norte ou liame das eleições no Estado. Acho que o governo sai bem fortalecido.

Haverá então um equilíbrio de forças tendo em vista a importância do PMDB?

O PMDB sempre foi considerado o maior partido do país, de várias tendências. Ele não sai fraco, sai forte em todo país, não é só no Tocantins, mas o governo deve ter supremacia relevante até porque o eleitorado, principalmente do interior, é muito ligado a Siqueira Campos e nós vamos ter as grandes disputas realmente com o PMDB.

O Sr. faz questão de declarar em plenário que é fã da ditadura militar. Oque ela produziu de tão relevante para ainda hoje ter reconhecimento do povo brasileiro?

Se olhar sem paixões, e eu não sou apaixonado, se vê a ponte Rio-Niterói, Itaipu (usina hidrelétrica), asfaltamento da Belém-Brasília, Rodovia Transamazônica, consolidação de Brasília, são obras da revolução de 1964. Se houve desvirtuamento, e pode ter havido, mas não tão grande como houve na Argentina, no Chile. A revolução brasileira não foi tão sangrenta, totalitária como a dos outros países. Houve excesso? Houve. Como soldado do Exército eu convivi com o presidente Emílio Garrastazu Médici. E nunca houve na história deste país, um presidente para ser tão aplaudido quanto ele quando chegava ao Maracanã, na década de 70. O grande presidente popular do país, Lula, foi vaiado em pleno Engenhão. Lula vaiado, Médici aplaudido. A revolução não era tão má como tenta se pintar hoje. Talvez se Hitler, se a Alemanha tivesse ganhado a 2ª Guerra Mundial, não teria sido tão satanizada pela história. Os terroristas, os esquerdistas que assumiram o governo, as posições de destaque, tentam satanizar a revolução, mas ela foi uma época de muito progresso. Na década de 70, com Médici, aconteceu o grande milagre brasileiro, que fincou as bases para o progresso deste País. Em 1974, quando houve a grande crise do petróleo, eu já não era mais soldado do Exército e sim policial federal, participei da posse de Ernesto Geisel, que pegou o país e o mundo quebrado pela crise do petróleo, e construiu as bases do Proálcool, que hoje é o sucesso dos carros flex. Por que eu iria satanizar a revolução se ela trouxe tão grandes benefícios para o país e seu povo, que está se beneficiando disso nos tempos atuais?

O Sr. se diz favorável a abertura dos arquivos da ditadura militar pela Comissão da Verdade. O que se pode esperar da revelação deste processo e que contribuição dará para a história?

Não digo abertura dos arquivos da ditadura, devem ser abertos os arquivos do Brasil, da nação, a ditadura é só uma parte da nação. O que não pode é tornar heróis bandidos, marginais, terroristas de uma época e tornar bandidos os militares agentes da lei da mesma época. Não se pode inverter as posições. Os crimes de cada lado devem ser não apurados mais, porque já foram alcançados pela prescrição, mas mostrados ao povo. O terrorista subversivo, o militante que lutava por uma democracia, que chegou e atirou num cidadão que estava guardando o banco, ou num transeunte, ou num gerente de banco, que estava aguardando para assaltar em nome de uma revolução deve ser pelo menos condenado moralmente pela sociedade, como um militar que também matou, enforcou, jogou no rio um terrorista qualquer deve ser mostrado à sociedade. Ninguém é herói, ninguém é bandido, existe o terrorista, existem os defensores, os agentes da lei da época. Eu não sou contra essa comissão da verdade, se ela mostrar a verdade, mas a verdade dos acontecimentos, não a tentativa de tornar herói quem matou, quem assaltou, quem lutou contra a nação, quem não obedeceu a ordem e nem tornar bandidos quem praticou também atos do outro lado das instituições vigentes da época.

O Bico do Papagaio está atraindo grandes investimentos, como a Votorantim Cimentos e outros empreendimentos. Odesenvolvimento chegou àquela região que era conhecida como atrasada e foco de violência?

O desenvolvimento ainda não chegou, está dando os  pequenos passos, fica-se uma indústria aqui outra acolá, ainda está engatinhando. Temos em Tocantinópolis a Asa Norte, precisando de uma estrada de asfalto para se tornar exportadora de frangos. A Granol está se instalando em nossa região. Já se instalou a fábrica de cimento, a soja está chegando ao Bico, a silvicultura está chegando, já chegou Usina Hidrelétrica de Estreito. Mas considero que ainda se esteja engatinhando e que o povo precisa de muito mais. O Bico ainda é uma região sem acompanhar o centro do Estado e do País, mas nós vamos chegar lá.

Qual o balanço de sua atuação parlamentar, qual é o seu foco na Assembléia?

Temos muitas bandeiras. Primeiro, como integrante da bancada do governo, é defender o governo, as posições do governo. E segundo, defender as minhas posições. Tenho algumas metas, várias emendas constitucionais, algumas que não chamam muita atenção, e outras não sei por que não chamam. Tenho um projeto de lei reformando a parte tributária no que se refere ao IPVA, a mudança talvez mais importante dessa legislação seja a diminuição da multa por atraso no pagamento do IPVA de 50% para 2%. Isso é uma tentativa de diminuir essa carga tributária que se mostrou exacerbada, é uma emenda constitucional. E desde o começo do mandato, no ano passado, estamos com outra meta. Eu e o deputado Zé Roberto estamos preparando uma emenda constitucional que integre os servidores oriundos de Goiás no Igeprev, que eles sejam absorvidos. A maior injustiça que existe nesse Estado é essa situação delicada que perdura, não sei por quais interesses, com os oriundos de Goiás, pioneiros, lutadores, que nós vamos tentar. Dizem que vai ser muito caro para o Estado, que seja caro, mas já se diluiu tanta coisa no meio de cascatas, cachoeiras e benesses, porque não corrigir uma injustiça? O que se deu para a Polícia Militar para servidores do Estado, concursados ou não, para o Ministério Público, para o Judiciário, para defensores, porque não corrigir o que existe com os oriundos de Goiás? Vamos ficar com essa mácula se eu não conseguir fazer nada nesse Parlamento. Estamos conversando com o deputado Zé Roberto, que é um aliado, um confidente, preocupado, e nós vamos fazer isso em conjunto para corrigir essa mácula que existe na história do Tocantins.

Jornal Opção