Crescimento, lesão no olho e preço de remédios causam discórdia, em GO. Médica afirma que é preciso operá-lo de novo; mãe diz que não vai deixar.
Quase oito meses após passar por uma cirurgia para retirar parte de um tumor, a recuperação do garoto Sérgio Gabriel Ribeiro Gomes, de 11 anos, que sofre de gigantismo, causa divergências entre a pensionista Ricardene Ribeiro, mãe do garoto, e a endocrinologista Luciana Naves, médica responsável pelo seu tratamento. O menino vive em Novo Gama, cidade goiana do Entorno do Distrito Federal, e apesar da pouca idade, já mede mais de 2 metros de altura.
Segundo a médica, que atende no Hospital Universitário de Brasília (HUB), já está confirmado que o garoto terá que se submeter a uma nova cirurgia. "Na primeira operação, retiramos parte do tumor. Em um espaço de 1 centímetro, cresceu um tumor de 7. Retiramos apenas a metade porque a extração completa poderia matá-lo na mesa de cirurgia", disse a médica.
Por isso, há cerca de 15 dias, ficou agendado com a mãe uma consulta com o cirurgião para que fossem feitos os exames do pré-operatório para o novo procedimento, mas ela não apareceu com o filho. Enquanto espera, o garoto tem que tomar uma medicação antitumoral, que custa cerca de R$ 6 mil e, segundo Luciana, é cedida a ele pelo próprio HUB.
A médica afirma que, apesar da primeira cirurgia, realizada no dia 7 de outubro do ano passado, o menino continuou crescendo devido ao tumor ainda não ter sido completamente retirado e também tem uma lesão no olho esquerdo, causada antes da operação.
"Ele atualmente está com 2,03 m. Em relação ao olho, ele teve uma lesão que o fez perder parte da visão, mas não devido à operação, e sim porque o tumor cresceu muito e comprometeu o nervo óptico. No entanto, ele não está completamente cego", pondera.
Outro lado
A mãe de Sérgio discorda de todos os pontos levantados pela médica. Ela admite que realmente faltou à consulta, mas se justifica. "Não pude levá-lo porque estava com dengue e avisei o hospital sobre isso", defende-se. Além disso, alega que o remédio custa, na verdade, R$ 10 mil, e foi repassado gratuitamente a ela pela última vez no mês de maio. "Me disseram que agora eu tenho que me virar para conseguir", afirma Ricardene.
A pensionista também diz que o filho que já está com 2,10 m e perdeu completamente a visão do olho esquerdo depois que operou. Devido a isso, afirmou que não pretende deixar o garoto passar novamente pela mesa de cirurgia. "Ele piorou, não vou deixar operar. Tenho medo de que ele possa morrer", explica.
Gigantismo
O gigantismo foi descoberto quando Sérgio tinha 6 anos de idade. O tumor tinha o tamanho aproximado de um limão e prejudicava o funcionamento da glândula, responsável pelos hormônios de crescimento e por uma série de funções corporais.
Apesar das dificuldades, o menino sonha em ser atleta. "Sonho em jogar basquete e fazer várias coisas que eu gosto. Nunca joguei, mas vou tentar e creio que vou conseguir", disse.