Eles foram levados com a promessa de emprego na construção civil. Um inquérito policial já está sendo instaurado para apurar o caso.
Os 80 trabalhadores maranhenses que foram levados enganados para Ribeirão Preto na última sexta-feira (19) com a promessa de emprego na construção civil, voltaram na madrugada desta sexta-feira (26) ao município de São Mateus, a 194 km de São Luís.
Depois de enfrentarem dois dias de estrada, todos eles foram para a Secretaria de Desenvolvimento e Renda de São Mateus assim que chegaram na cidade para participar de uma reunião com representantes do Ministério do Trabalho do Maranhão, Polícia Civil e pessoas ligadas à órgãos de proteção de direitos humanos.
A reunião durou quase duas horas. Os trabalhadores deixaram o prédio da secretaria insatisfeitos com a situação, já que muitos pediram dinheiro emprestado para viajar e foram enganados.
“A gente saiu daqui com uma proposta de emprego lá, pagando um agenciamento de R$200, um contrato de R$50 e mais uma passagem de R$250. Além das despesas daqui até lá que a gente teve e não foram reembolsadas”, contou Aluísio Vasconcelos, montador de estrutura metálica.
A falta de empregos na cidade foi um dos motivos que fez José Alexandre, de 51 anos, deixar o município para ir em busca de melhoria de vida em São Paulo. O trabalhador não esquece o drama que viveu longe de casa. “Lá nós estávamos como moradores de rua, passando fome, não tinha lugar para tomar banho”, relatou.
Um inquérito policial já está sendo instaurado para apurar o caso. “Todos esses cidadãos que aqui estão irão registrar seus respectivos boletins de ocorrência, serão cadastrados no Ministério do Trabalho Estadual para que seja apurada a responsabilidade no âmbito trabalhista contra essas pessoas ”, disse o Superintendente da Polícia Civil do interior do estado, Dircival Gonçalves.
Segundo o presidente do sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais de São Mateus, Valentino Santos, a cada quinze dias ônibus saem da cidade levando trabalhadores maranhenses para outros estados sem nenhum tipo de fiscalização por parte do município.
O Superintendente da Polícia Civil do interior do estado garantiu que o órgão estará vigilante para que casos como este não se repitam na cidade.
Relembre o caso
Oitenta e oito trabalhadores de São Mateus do Maranhão foram abandonados, na madrugada de domingo (21), em um posto de combustíveis no quilômetro 320 da Anhanguera, em Ribeirão Preto (SP), após receberem uma proposta para trabalhar em obras de construção civil na cidade.
A polícia ouviu três trabalhadores e um dos motoristas dos ônibus informou que tanto a empresa aliciadora quanto o empregador devem responder pelo crime de aliciamento de trabalhadores, previsto no artigo 207 do Código Penal. A pena é de detenção de um a três anos e multa.